Alencar diz que política monetária inibe consumo

Para o vice-presidente, se o governo tivesse usado uma taxa nominal de juros que representasse a metade da adotada atualmente, o país teria economizado R$ 600 bilhões, equivalentes a oito […]

Para o vice-presidente, se o governo tivesse usado uma taxa nominal de juros que representasse a metade da adotada atualmente, o país teria economizado R$ 600 bilhões, equivalentes a oito PACs (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Brasília – O vice-presidente da República, José Alencar, voltou a criticar a política monetária adotada pelo Banco Central. Depois de afirmar que tem uma grande “ojeriza” a juros, ele lembrou que o Brasil não registra inflação de demanda, uma vez que se mantém como país de “subconsumo”.

“A inflação é inócua e desnecessária, porque não há expectativa de demanda. O presidente prega que as pessoas comprem e invistam para que haja emprego. Mas se ele prega para que as pessoas comprem, e a política monetária adota uma posição que inibe o consumo, algo está errado”, disse, ao participar da gravação do programa 3 a 1, da TV Brasil, que vai ao ar nesta quarta-feira (4), às 23h.

Alencar ressaltou que o governo gastou mais de R$ 1 trilhão nos primeiros sete anos de governo na rubrica representada pelos juros. “É a rubrica mais pesada no Orçamento da União”, disse. Para o vice-presidente, se o governo tivesse usado uma taxa nominal de juros que representasse a metade da adotada atualmente, o país teria economizado R$ 600 bilhões.

“Teríamos oito PACs (Programa de Aceleração do Crescimento). Teríamos aplicado esses recursos em alguma coisa que representasse desenvolvimento, mas estamos transferindo para especulação financeira. É jogar dinheiro pela janela”, disse, ao se referir ao governo e ao Banco Central.

Ele garantiu que, mesmo durante a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no país, “jamais” faria prevalecer suas ideias em referência à política monetária adotada no país. “Seria, de certa forma, uma burrice porque Lula voltaria com tudo para trás no momento em que chegasse”, disse.

“Uma coisa é ser substituto, outra coisa é ser sucessor, o que só acontece na saída do presidente. Na substituição, temos que compreender que o presidente está vivo e presente. Se preciso tomar uma decisão inusitada, entro em contato com ele antes de fazê-la. Faria isso naturalmente, sem nenhum demérito ao meu mandato.”

Alencar disse que Lula é um governante “muito inteligente”, que toma decisões sensatas. Além de ter vocação para administrar. “Um fenômeno na administração pública. Nunca imaginei que ele pudesse realizar um trabalho na esfera internacional.”

Dilma como melhor opção

Alencar, afirmou ainda que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é a melhor opção entre os possíveis candidatos à eleição de 2010 para assumir a Presidência. Para ele, o Brasil vive um ótimo momento e quem quer que seja eleito em 2010 terá que dar continuidade ao programa de governo.

“É natural que haja quem prossiga o trabalho que Lula iniciou, especialmente Dilma”, disse. Segundo Alencar, Dilma conhece e acompanha todos os programas do atual governo. “Como chefe da Casa Civil, que é como se fosse uma superintendência, ela está a par de tudo e está preparada para dar continuidade a todos esses programas que o Brasil precisa.”

Sobre uma possível candidatura para as próximas eleições, ele afirmou apenas que, se não tiver condições, não vai “levar seu nome ao palanque”. “Já tinha planejado minha morte porque esse tumor é recorrente. Com esse negócio de que Deus está me curando, tenho que começar tudo de novo, reprogramar minha vida.”

Fonte: Agência Brasil