Grupo francês Vivendi volta à disputa pela compra da GVT

Empresa brasileira não informa se há uma nova oferta de aquisição que cobre o valor oferecido pela Telefônica

Alvo da Telefônica nas últimas semanas, a GVT informou nesta segunda-feira (19) que o grupo francês Vivendi autorizou a diretoria a realizar uma oferta para a aquisição de ações da companhia brasileira.

Em um fato relevante destinado ao mercado, a GVT não deixou claro se está se referindo à oferta de R$ 42 por ação anunciada em setembro pela Vivendi ou a uma nova proposta depois que a Telefônica demonstrou disposição de pagar R$ 48 por ação.
“A companhia informa que não possui conhecimento se a Vivendi realizará a referida oferta, ou caso alguma oferta seja realizada, quais seriam os seus termos e condições”, informou a GVT.

Na última semana, a cúpula da GVT convocou assembleia extraordinária para definir a revogação de dois artigos de seu estatuto que impedem a venda para outra empresa. A pauta prevê a inclusão de um novo artigo em que os acionistas se obrigam a analisar todas as propostas de no mínimo R$ 48 por ação, exatamente o valor oferecido pela Telefônica.

O Conselho da Vivendi se reuniu na semana passada e havia expectativa de que fossem tomadas decisões acerca da oferta de compra da GVT. Mas o grupo francês não se pronunciou sobre o assunto até o momento.

Para analistas, a aquisição por parte da Vivendi é melhor para que a concorrência do mercado interno não seja ainda mais afetada. A GVT é a única das chamadas empresas-espelho criadas no processo de privatização que conseguiu êxito. Também conhecidas como autorizadas, as empresas desse gênero podem atuar em todas as regiões do país e não precisam garantir universalização dos serviços, requisito exigido das concessionárias.

Com formidável crescimento nos últimos anos tanto em telefonia quanto em banda larga, a GVT está presente em todas as regiões do país, com um potencial de serviço que atinge mais de 80% da população brasileira. Para a Telefônica, a compra permitiria expandir-se pelo país, rivalizando com Oi e Embratel na disputa pelo mercado.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), no entanto, considera que a medida representaria mais um passo na concentração de mercado, debilitando ainda mais o oferecimento de serviços a bom preço e com qualidade.

Diogo Moyses, pesquisador do Idec, entende que nenhuma das promessas feitas durante a desestatização, no governo Fernando Henrique Cardoso, foram cumpridas: universalização dos serviços, garantia de qualidade no atendimento, preços e tarifas mais baixos, competição e concorrência.