Para economista, crescimento é importante, mas juros poderiam ser menores

Ricardo Carneiro critica interrupção da queda dos juros pelo Banco Central, porque há 'muita gordura para queimar'. Retomada mostra acerto em políticas do governo

O crescimento da economia brasileira no segundo trimestre mostra que as políticas adotadas pelo governo tiveram resultado. A avaliação é de Ricardo Carneiro, professor do Instituto de Economia da Unicamp. Ele critica o Banco Central por não promover mais cortes de juros em um cenário em que há “muita gordura para queimar”.

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geogradia e Estatística (IBGE) apontaram crescimento de 1,9% no segundo trimestre de 2009. No semestre, houve retração de 1,5%, a maior da série histórica iniciada em 1996.

“O mais importante é que voltamos a crescer, sinal de que as políticas anticíclicas adotadas pelo governo brasileiro apresentaram resposta rápida”, sustenta, em entrevista à Rede Brasil Atual.

“Como a queda do PIB foi grande (no último trimestre de 2008), o estrago no desempenho anual já está feito e deveremos ficar nisso aí, entre 0 e 1%”, pondera. Para ele, comparar os dados com um período crítico prejudica um pouco a análise.

Por outro lado, apesar do resultado anual baixo, o ritmo de aquecimento da economia pode representar um crescimento no último trimestre de 3,5% a 4% na comparação com o ano passado, por causa da retração dos últimos meses de 2008. “Isso já significará uma ‘trajetória de cruzeiro’, que é o que importa para projetar para o próximo ano que vem um ritmo muito bom”, explica.

Carneiro considera que o Banco Central se precipitou na interrupção dos cortes da taxa Selic. “Ainda tem muita gordura para queimar, esta aí a inflação baixa para demonstrar isso”, dispara. “Ninguém entende esse conservadorismo, não há justificativa objetiva, é fundamentalismo”, critica.