Governo não descarta manter redução de IPI por mais tempo

De olho no crescimento da construção civil, proposta é defendida por ministro. Com vendas em alta, montadoras já calculam aumento de preços

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, declarou que defende a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até 2010. Desde dezembro de 2008, o tributo foi reduzido para automóveis, materiais de construção e a linha branca e, em julho, foi definida um retorno paulatino aos patamares anteriores à crise.

“É um governo que não tem ideias preconcebidas e, segundo, não tem posições maniqueístas”, declarou ao jornal O Estado de S.Paulo. “Se for necessário, nós faremos”, disse. Para enfrentar a crise global, o governo reduziu as alíquotas de IPI para automóveis, linha branca e materiais de construção.

A medida garantiu, segundo estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a manutenção de 60 mil empregos no primeiro semestre, além da venda de 190 mil veículos adicionais.

Mais preocupado com a construção civil, reaquecida pela redução do IPI e pelo lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida. A manutenção do subsídio para materiais de construção significam redução de custos para as ações do governo na área.

“A impressão que se tem é que este governo é um pouco mais prático para tomar essas medidas. É possível até que a influência de um presidente que veio da área de produção facilite isso”, afirmou

Montadoras

Embora não tenha o item em negociação com o governo, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou dados nesta sexta-feira (4) que podem corroborar a proposta de Jorge. As vendas da indústria de veículos no mercado interno tiveram queda de 9,6% em agosto em relação a julho.

Os 258,1 mil veículos comercializados no último mês superam em 5,5% as vendas de agosto de 2008, de 244,8 mil unidades. No acumulado dos oito primeiros meses do ano houve um aumento de 2,7% (1,99 milhão de unidades). As exportações de carros, ônibus e caminhões acumulam queda de 44,1% nos primeiros oito meses.

O presidente da Anfavea afirmou que o aumento do IPI será repassado aos preços, por não poderem ser absorvidos pelas montadoras. “O aumento da carga pode implicar em mudança de preços. A lógica comercial é ter um potencial repasse de preço”, disse Jackson Scheneider.

Schneider afirmou que a indústria “não tem expectativa de que (o desconto) seja novamente renovado” e que “não há nenhum tipo de negociação sobre isso”.

O aumento de preços do aço no mercado nacional representa outro fator de pressão sobre preços. “Essa recuperação do mercado tem sido feita sobre margens mais estreitas… A indústria tem feito promoções intensas”, justificou. O material representa 20% dos custos de veículos, segundo a Anfavea.

Com informações da Agência Brasil e Reuters