Setor de brinquedos passa a fazer parte da política industrial brasileira

Apoio do governo deve significar aumento de 12% no faturamento das indústrias de brinquedos do país, geração de mil empregos e elevação da participação dos produtos nacionais de 55% para 65% das vendas

Melhoria da competitividade dos produtos nacionais deve reduzir preços de brinquedos em 5% (Foto: Agência Brasil/Elza Fiúza)

Brasília – Com a meta de ganhar espaço diante da concorrência chinesa e de aumentar a competitividade dos produtos nacionais, o setor de brinquedos foi incluído na terça-feira (4) na política industrial brasileira. Criado em maio do ano passado para estimular a indústria nacional, o programa agora conta com 27 setores.

Depois de três meses de discussões entre empresários da área e técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as metas e as diretrizes que guiarão as políticas para o setor foram definidas na terça-feira. As propostas ainda vão ser analisadas por um comitê executivo formado por diversos ministérios, que definirá ações, prazos e elaborará um cronograma de acompanhamento.

A inclusão do setor na política industrial tem como objetivo fazer a indústria de brinquedos alcançar diversas metas até o final de 2010. Entre os compromissos assumidos, estão o aumento de 12% no faturamento (que encerrou 2008 em R$ 2,5 bilhões), a geração de 1 mil empregos e a elevação da participação dos produtos nacionais de 55% para 65% das vendas. A fatia de mercado restante está nas mãos dos chineses.

A política industrial também prevê a redução real (sem levar em conta a inflação e o câmbio) de 5% nos preços dos brinquedos produzidos no país. “Isso só poderá ser feito por meio da melhoria da competitividade do produto nacional, que exige esforço conjunto do setor e do governo”, disse o secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, uma das principais medidas necessárias para baratear a produção consiste no investimento em capacitação técnica e design. “As crianças querem brinquedos inspirados em personagens estrangeiros. Se nossa indústria puder criar personagens nacionais, os custos com royalties certamente serão menores”, explicou.

O combate às importações subfaturadas – declaradas com preço menor que o valor real – também consta nas diretrizes definidas.

Para isso, a nova política prevê a articulação com a Receita Federal para evitar sonegações.

Outras propostas também preveem a redução de Imposto de Importação sobre peças de brinquedos e a concessão de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor. “Nosso objetivo é que o banco financie metade dos R$ 20 milhões dos investimentos programados até 2010”, afirmou o presidente da Abrinq.

O setor de brinquedos está na lista negra do BNDES desde 1995, quando a indústria nacional, segundo Synésio, quase faliu por causa da liberação das importações que se seguiu ao lançamento do Plano Real. “Por causa de dívidas daquela época, até hoje estamos impedidos de contrair financiamentos do BNDES”, reclamou. A Abrinq reivindica a exclusão do setor do Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (Cadin).

Com 441 fábricas no país, a indústria de brinquedos emprega 4 mil pessoas na linha de produção. De acordo com a Abrinq, 75% das fábricas do setor são formadas por micro e pequenas empresas.

Fonte: Agência Brasil