ONU defende empregos para mulheres em luta contra crise global

Ideia é arregimentar mão-de-obra feminina nas economias da Ásia e do Pacífico com investimentos em saúde, educação e serviços agrícolas

Cingapura – Governos da Ásia e do Pacífico deveriam criar mais estímulos para projetos que ajudem na recuperação econômica, e para isso precisam arregimentar a força de trabalho feminina, em vez de apenas criar empregos na construção civil, voltados principalmente para os homens, disse uma diretora da ONU nesta quarta-feira (5).

A subsecretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Noeleen Heyzer, afirmou que investimentos em saúde, educação e serviços agrícolas poderiam criar empregos para mulheres.

“As mulheres representam um recurso desperdiçado na maioria das economias da Ásia/Pacífico”, disse Heyzer num seminário da Apec (Cooperação Econômica Ásia/Pacífico) sobre questões femininas. “Nossa região perde entre 42 e 47 bilhões de dólares por ano por restringir o acesso das mulheres ao emprego.”

Entre as regiões do mundo, a Ásia/Pacífico tem a segunda maior taxa de ocupação feminina – 49%, especialmente trabalhadoras pouco qualificadas, em setores como têxtil, de couro e eletrônicos.

Governos de todo o mundo promovem atualmente enormes pacotes de estímulo econômico contra a crise mais grave das últimas décadas, e muitos usam projetos de infraestrutura para criar empregos e gerar crescimento.

Afetados pela contração do comércio global, o crescimento médio dos países em desenvolvimento nessa região caiu de 8,8% em 2007 para 2,8% neste ano, apesar das robustas taxas de crescimento mantidas por China e Índia, segundo Heyzer.

“Devemos garantir que o crescimento seja mais inclusivo e socialmente equitativo”, disse Heyzer a ministros e lideranças femininas de 21 países da região. Ela acrescentou que os países deveriam fazer um “orçamento de gênero”, promover políticas de microcrédito e incluir as mulheres nas medidas destinadas a aumentar a produção de alimentos e a segurança alimentar.

Outros 24,8 milhões de pessoas ainda podem perder seus empregos por causa da crise, revertendo avanços socioeconômicos dos últimos dez anos, segundo Heyzer, que também é secretária-executiva da Comissão Econômica e Social da ONU para a Ásia e o Pacífico.

Fonte: Reuters