Indústria tem performance melhor que esperado
Segundo IBGE a produção ainda segue bem abaixo do patamar pré-turbulência, mas com tendência de recuperação
Publicado 31/08/2009 - 12h28
Rio de Janeiro – A performance da indústria brasileira superou as expectativas em julho e atingiu o maior nível desde o aprofundamento da crise financeira em setembro do ano passado. A produção ainda segue bem abaixo do patamar pré-turbulência, mas esse dado confirma a tendência de recuperação prevista pelo mercado para o segundo semestre.
A atividade cresceu 2,2% em julho sobre junho e recuou 9,9% na comparação com julho de 2008, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira (31).
Analistas consultados pela Reuters esperavam, pela mediana das estimativas, crescimento de 1,3% mês a mês e queda de 10,8% ano a ano.
A queda na comparação anual foi a menor desde abril. A produção ainda segue 10,6% abaixo do patamar recorde atingido em setembro do ano passado, pouco antes de a crise começar a afetar o Brasil.
“O resultado de julho é o melhor mensal desde a crise…”, disse a jornalistas Isabella Nunes, responsável pela pesquisa do IBGE. “Os 2,2% de julho superam a média de crescimento no ano de 1,5% (por mês).”
“Até junho, só 2 setores estavam positivos em relação a setembro de 2008 –Bebidas e Perfumaria. A esses, se somaram mais cinco setores que atingiram um nível de crescimento em comparação ao pico da industria geral: Outros químicos, Máquinas para escritório e equipamentos de informática, Farmacêutica, Fumo e Outros de transporte.”
O desempenho do mês anterior também ficou melhor que o anteriormente previsto: o IBGE revisou para cima o dado da produção de junho, de alta preliminar de 0,2% para 0,4% sobre maio.
Setores
Isabella destacou a importância da demanda interna para a recuperação.
Em julho sobre junho, 23 dos 27 setores pesquisados tiveram aumento da produção, com destaque para Máquinas e equipamentos (8,9%), Metalurgia básica (4,5%) e Alimentos (1,9%).
Entre as categorias de uso, na comparação mensal, todos tiveram aumento da produção. Bens de consumo duráveis tiveram a melhor performance (4,6% de avanço), seguidos por Bens intermediários (2,0%), Bens de capital (1,4%) e Bens de consumo semi e não duráveis (1,0 %).
“O que a gente percebe é um forte peso dos bens duráveis — principalmente automóveis, motos e os produtos da linha branca que tiveram uma redução de IPI, mas também dos não duráves, com destaque para o farmacêutico”, disse Isabella.
“Esse aumento da produção de bens finais estimulou o setor intermediário, especialmente o siderúrgico. Houve a ligação de fornos que estavam desligados. O crescimento está sustentado pela maior parte dos setores.”
Na comparação com julho de 2008, 23 dos 27 setores registraram contração da produção. Os destaques negativos foram Veículos automotores (-21,5%), Máquinas e equipamentos (-20,2%) e Metalurgia básica (-19,2%).
As quatro categorias de uso tiveram queda. A mais forte veio de Bens de capital, de 23,9%, seguida por Bens intermediários, de 11,6%. A queda em Bens de consumo duráveis foi de 6,7% e em Bens de consumo semi e não duráveis, de 3,2%.
O mercado espera que a produção apresente ao longo do segundo semestre taxas melhores do que no primeiro, mas as quedas na comparação anual devem continuar até o quarto trimestre, fazendo o setor fechar 2009 com retração recorde.
Segundo o IBGE, no ano até julho, a queda acumulada da atividade é de 12,8%, e nos últimos 12 meses é de 8%.
Fonte: Reuters