Barral prevê resultado menor do superavit comercial no segundo semestre

Menores preços das commodities e a queda do dólar contribuiram para a diminuição do superavit comercial

Weber Barral- secretário de Comércio Exterior (Foto: Ministério do Desenvolvimento/divulgação)

Brasília – O superavit comercial no segundo semestre pode ser menor que o do mesmo período do ano passado, admitiu nesta segunda-feira (3) o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral.

Ele evitou apresentar números, mas afirmou que a queda do dólar nos últimos meses e o fim da bolha que elevou o preço de bens agrícolas e minerais poderão derrubar a diferença entre exportações e importações.

“O segundo semestre do ano passado foi um período atípico, com fatores que não se repetirão em 2009”, disse Barral. “Em primeiro lugar, houve uma bolha nas commodities [bens primários com cotação internacional], que elevou o valor das exportações até outubro. Com o agravamento da crise, as importações despencaram por causa da disparada do dólar, o que ajudou a manter o saldo.”

Neste ano, além dos preços menores das commodities, a queda do dólar, atualmente em torno de R$ 1,85, estimula as importações. “Até agora, o câmbio interferiu pouco na balança comercial, mas o dólar baixo representa um incentivo para as compras externas, principalmente das matérias-primas, que compõem a maior parte das nossas importações”, avaliou o secretário.

Apesar de as exportações no acumulado de 12 meses somarem US$ 170,9 bilhões, o Ministério do Desenvolvimento não revisou para cima a projeção de US$ 160 bilhões para as vendas externas em 2009.

Barral, no entanto, não informou se a manutenção da estimativa está vinculada a um eventual cenário de queda nas exportações e alta ou estabilização das importações. “Mantidas as tendências, o superavit comercial no segundo semestre ainda será importante”, declarou.

De acordo com o secretário, a antecipação de embarques de grãos em maio e em junho teve efeito na queda das exportações, em julho, na comparação com o mês anterior. No último mês, o país exportou US$ 14,1 bilhões, contra US$ 14,4 bilhões em junho – queda de 10,7% pelo critério da média diária.

A antecipação de embarques de grãos, principalmente soja, também contribuiu para a queda das exportações para a China. No mês passado, as vendas para o país asiático caíram 21,7%. Mesmo assim, no acumulado do ano, a China se mantém como principal destino das mercadorias brasileiras, com participação de 14,8% nas exportações.

Em 2009, a Ásia foi a única região a comprar mais do Brasil. Nos sete primeiros meses do ano, a alta nas vendas para o bloco soma 9,5%. “Mesmo com a queda nas exportações para a China e a Ásia, apostamos em crescimento até o fim do ano porque a região apresenta uma recuperação mais rápida após a crise. As nossas exportações devem continuar agressivas para esses mercados”, disse Barral.

Ao mesmo tempo em que as exportações caíram, as importações cresceram 4% em julho. Na avaliação do secretário, essa alta se deve à compra de produtos farmacêuticos. “Esse foi o único item cujas importações aumentaram no último mês”, ressaltou. “Essa tendência se repetiu ao longo do primeiro semestre.” 

Fonte: Agência Brasil