SÃO PAULO – O presidente Lula afirmou nesta quinta-feira em São Paulo que é necessário convocar uma reunião da União de Nações Sul-americanas (Unasul) para fechar uma posição do sub-continente em relação à Conferência Mundial sobre o Clima, marcada para dezembro em Copenhague.

Ao lado da chilena Michele Bachelet em São Paulo, o presidente afirmou que os países ricos “querem continuar com o mesmo padrão de consumo, com o mesmo padrão de produtividade, com o mesmo padrão de vida que têm, e querem que nós sejamos os sequestradores do carbono que eles colocam no ar”.

Em um discurso com várias referências à crise econômica mundial, o presidente afirmou não ser justo que os ricos continuem crescendo “e, nós, decrescendo”. Para Lula, o momento é de reforçar as relações bilaterais e os emergentes devem aproveitar a oportunidade porque há “uma descoberta que não está escrita em livro nenhum. Que se os iguais derem as mãos, estabelecerem complementaridade entre eles, a chance de nós ficarmos ricos é muito mais fácil que se a gente ficar dependendo que os países ricos nos façam ricos”.

Na mesma linha, o presidente citou vários bairros de classe alta de São Paulo e, na sequência, regiões da periferia, como forma de mostrar a importância de aumentar o número de parceiros comerciais: “antigamente, a gente gostava muito de ir para Paris. Era chique. Ou ia para Londres, que comprava pouco da gente também, mas era charmoso. A chance de você vender um corte de pano que um mascate carrega debaixo do braço na Avenida Paulista é zero. Nos Jardins, é zero. No Morumbi, é três menos zero. Mas, se a gente for no Jardim Miriam, a gente vende. Se for na Vila Prudente, a gente vende. Se for na Vila Carioca, onde eu morei muito tempo, a gente vende”.

E prosseguiu: “eu tenho dito todo dia: nós vamos vender máquina agrícola lá em Paris? Não. Nós vamos vender máquina nossa na Alemanha? Não. Nós podemos vender para nossos parceiros da região andina, para a África, para os países que estão em um processo de desenvolvimento similar”.

O presidente ressaltou que a diversificação de parceiros e de produtos é exatamente uma grande garantia contra a crise que, “como essa, pode se repetir em vários momentos se a gente não acabar com a especulação, se a gente não acabar com os paraísos fiscais e se não acabar com essa maldita ideia de que alguém pode ganhar dinheiro apostando na loteria. É preciso ganhar dinheiro produzindo para todos”.