Lula e Bachelet destacam a crise como oportunidade

Brasileiro pensa que diversificação de parceiros e de produtos é “uma grande garantia contra a crise”

Os presidentes Lula e Bachelet durante encontro em São Paulo reafirmaram o rechaço ao golpe em Honduras (Foto: Ricardo Stuckert. Presidência)

A crise como canal de oportunidades. Essa é a visão comum entre os presidentes de Brasil e Chile, que se encontraram nesta quinta-feira (30) em São Paulo.
Em seus discursos, Lula e Michele Bachelet destacaram que ambos países gozam de boas condições frente ao abalo econômico mundial.

Destacando que brasileiros e chilenos deram um salto gigantesco nas relações bilaterais ao longo dos atuais governos, Bachelet seguiu a mesma linha defendida mais cedo por seus ministros durante o Encontro Empresarial: de que tem um país competitivo, seguro para investimentos e com boa infraestrutura. Novamente, a presidente colocou o Chile como uma plataforma para as exportações brasileiras, afirmando que ambos países podem tirar proveito disso com a expansão das vendas para a Ásia e a Oceania.

 Para Bachelet, os “emergentes têm agora uma oportunidade sem precedentes para influenciar no caminho das mudanças”. Ao mesmo tempo, ela ressaltou o papel governamental para a condução dos rumos econômicos de um país: “algo que aprendemos com a crise é que precisamos de melhor Estado e de melhor mercado”.

Por sua vez, o presidente Lula atacou os países ricos por várias vezes em seu discurso, afirmando que “se deixaram levar pelas promessas dos lucros fáceis da especulação, enquanto fizemos outra aposta. Chile e Brasil apostaram claramente na economia da produção, do emprego e da distribuição de renda”. E seguiu: “espero que Deus tenha iluminado cada um de nós e a gente perceba que a diversificação de nosso comércio, a diversificação de nossos produtos, a diversificação de nossos parceiros é uma grande garantia contra a crise”.

Por isso, o presidente demonstrou confiança que as economias brasileira e chilena voltarão a crescer em breve e os níveis de comércio entre os dois países, que tiveram forte queda no primeiro semestre, também terão expansão.

Durante o encontro, foi criada uma comissão bilateral que ficará responsável por definir as relações entre os dois países no que diz respeito ao aprofundamento do intercâmbio comercial e do turismo.

O presidente cobrou mais investimentos brasileiros no parceiro sul-americano. “É uma ‘verguenza’ que um país com menos de 20 milhões de habitantes, um PIB muito menor que o brasileiro. E para cada US$ 4 que o Chile investe aqui, a gente investe US$ 1 por lá”.

Lula e os empresários presentes no encontro cobraram que os chilenos passem a investir em biocombustíveis. Quando falou na necessidade de uma missão empresarial brasileira visitar o parceiro para discutir o assunto, o presidente recebeu um aceno positivo de cabeça de Michele Bachelet.