Juros bancários devem cair mais, prevê economista

Procon aponta sétimo mês de quedas nas taxas cobradas pelo sistema financeiro. Para diretor da Anefac, Andrew Frank Storfer, spread e lucro dos bancos vão ter de diminuir para ampliar crédito e compensar perdas de operações com títulos públicos

Custo do dinheiro para o consumidor e para empresários tem queda muito menor do que a Selic (Foto: sxc.hu)

Estudo da Fundação Procon-SP aponta nova queda nas taxas cobradas de pessoas físicas em empréstimos bancários. Outro estudo, realizado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), revelou ainda que as taxas dos bancos caíram 4% nos últimos seis meses, enquanto a Selic teve cortes de um terço.

Considerando a variação da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central, a redução foi de 4,5 pontos percentuais, de 13,75% ao ano em dezembro/2008 para 9,25% ao ano em junho/2009. A taxa média para pessoa física apresentou redução de 6 pontos percentuais de 137,91% ao ano em dezembro/2008 para 131,87% ao ano em junho/2009.

O estudo da Anefac ressalta que, com taxas semelhantes ao período pré-crise financeira internacional, a tendência é de melhora nos próximos meses. Com indicadores de que o pior da crise já passou, a perspectiva de novos cortes na Selic e menor risco de inadimplência, a entidade aposta em juros em queda para o consumo e para a produção.

Para Andrew Frank Storfer, diretor de Economia, Banking e Finanças da Anefac, não é possível saber a partir de quando o custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas terá cortes maiores do que a taxa definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) “A Selic é um dos componentes da formação dos juros finais, mas há tributos, riscos de inadimplência, o grau de incerteza de inflação nos próximos meses, o compulsório do Banco Central, os custos administrativos e o lucro”, explica.

Storfer considera que o spread bancário deve cair com maior competitividade entre os bancos e a rentabilidade dos títulos públicos em queda, já que os percentuais pagos variam de modo mais próximo à Selic. “Uma piora nas operações de tesouraria leva os bancos a buscar outras formas de obter rentabilidade, como financiamentos e créditos de pessoas físicas e jurídicas”, sustenta. “Com isso, vão ter de diminuir o spread e diminuir o lucro, que é uma fatia grande (das taxas cobradas).”

O diretor da Anefac lembra que os bancos importantes para a formação do crédito são poucos, o que forma uma espécie de cartel. “A concorrência não é tanta assim, e eles aproveitam esse espaço para terem bons lucros”, analisa Andrew Frank Storfer. “Mas não se pode esquecer que existem os bancos sociais, como a Caixa Econômica Federal, em que o governo pode atuar para puxar as taxas para baixo”, cobra.

 

Procon 

Nos empréstimos pessoais, a taxa média dos bancos pesquisados foi de 5,3% ao mês, contra 5,5% apurado em junho, decréscimo de 0,22 ponto percentual. No cheque especial, a média cobrada nos bancos pesquisados foi de 8,8% ao mês. As menores taxas para ambos os casos são da Caixa Econômica Federal, com 4,4% e 6,8% ao mês. As maiores são do Real/Santander (6%) e Safra (12,3%).

Confira a tabela completa do estudo (PDF).