Organismos financeiros como FMI e Bird precisam mudar, diz ONU

Falta consenso sobre a direção das alterações. Aumento de representatividade e eficácia seriam os objetivos

Organismos financeiros internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial precisam de uma reforma urgente, mas o mundo permanece dividido sobre como aperfeiçoá-los, disse nesta quarta-feira (24) o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.

“As instituições mundiais criadas gerações atrás precisam prestar mais contas, tornarem-se mais representativas e mais eficazes”, declarou Ban na abertura de uma reunião de três dias na Assembléia Geral da ONU para discutir a crise financeira global e seu impacto sobre o mundo em desenvolvimento. “Lamento que a reforma institucional financeira tenha dividido os Estados membros (da ONU)”, afirmou.

A questão sobre a reestruturação do FMI, do Banco Mundial e de outros organismos financeiros internacionais foi um dos itens sobre os quais os 126 países participantes tiveram dificuldades em chegar a um acordo durante os meses de negociação sobre uma série de propostas para reformar o sistema financeiro global.

Um projeto de 15 páginas delineando as propostas, que os delegados esperam aprovar nesta sexta-feira (26), pede pelo aperfeiçoamento do FMI. O projeto, obtido pela Reuters, aponta que os países “reconhecem que é imperativo fazer, como questão prioritária, uma ampla e rápida reforma no FMI (…) a fim de aumentar sua credibilidade e sua capacidade de prestar contas, sua legitimidade e eficácia”.

Mas a única reforma específica pedida pelo documento é a de que o poder de decisão dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento seja aumentado na próxima revisão de cota do FMI até o início de 2011.

O projeto, ainda em negociação, também pede para que os líderes das instituições financeiras globais sejam indicados de forma a levar em consideração a questão geográfica. Diplomatas afirmaram que isso significa que as diferentes regiões devem fazer rodízios nas presidências e que os monopólios regionais sobre certos cargos deverão ser abolidos.

Ban afirmou que o mundo está “lutando para superar a pior crise financeira e econômica global desde a criação das Nações Unidas há mais de 60 anos”. Ele repreendeu os países mais ricos do mundo por quebrarem as promessas de aumentar a ajuda à África.

Embora a reunião esteja sendo chamada de conferência, nenhum líder do Ocidente se fez presente. Cerca de dez presidentes e premiês, em sua maioria da América Latina e do Caribe, apareceram. Outros países participantes enviaram delegações de escalões inferiores.

Diplomatas ocidentais afirmaram que a ausência refletia a insatisfação geral com a forma que o presidente da Assembléia Geral, o esquerdista Miguel Descoto (ex-chanceler da Nicarágua), organizou a reunião.

Os principais oradores serão o presidente boliviano, Evo Morales, e o presidente do Equador, Rafael Correa.

Fonte: Reuters