GM: dúvidas persistem sobre o impacto no Brasil

Os efeitos do pedido de concordata da montadora nos Estados Unidos e definição da operação europeia mantém indefinido o cenário para a América do Sul. Pode haver poucos problemas, mas metalúrgicos pedem cautela

Os impactos do pedido de concordata da General Motors no Brasil ainda estão indefinidos. Fontes ouvidas pelo Jornal Brasil Atual mostram visões distintas sobre os efeitos da medida. O plano de recuperação prevê a injeção de US$ 30 bilhões do tesouro americano na compra de ações, além dos mais de US$ 19 bilhões já gastos pelo governo. Com isso o governo dos Estados Unidos ficará com 60% das ações, o do Canadá com 12% e o fundo de pensão dos aposentados com 17,5%, além de garantias para mais 2,5%.

O ex-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfav)e também ex-presidente da General Motors no país, André Beer, afirma não acreditar que aconteça um impacto significativo nas unidades instaladas no Brasil depois do pedido de concordata da empresa.“[A operação no] Brasil está totalmente protegida pela lei brasileira”, declarou a José Mombelli. As ligações enter a filial e a matriz seriam dividendos de lucro, royalties e dívidas, além de elos em termos de produtos e engenharia. “Portanto, sempre existe o impacto, mas não creio que vá ser tão profundo”, pondera.

Carlos Alberto Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos está mais cauteloso. Ele afirma que apesar do bom desempenho da GM brasileira, há indefinições. “Vamos ficar atentos, porque isso depende também de qual será a decisão da matriz em relação aos negócios da América do Sul”, avalia. “Nossa tranquilidade maior ou menor vai depender dos pronunciamentos que estão para serem dados.”
O presidente da CNM/CUT informou que, nos próximos dias, acontece uma reunião com sindicatos que representam trabalhadores da empresa para discutir os últimos acontecimentos. O resultado será encaminhado ao presidente Lula.

Jaime Ardila, presidente da General Motors do Brasil, explica nesta terça-feira (2), em entrevista coletiva à imprensa, o processo de concordata da matriz e os possíveis reflexos para a subsidiária brasileira. Até o anúncio da concordata, a GM do Brasil reforçou que as operações no Brasil não seriam afetadas pelo processo que passa a matriz, nos Estados Unidos.

Preservar empregos

Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama fez um pronunciamento oficial na tarde de segunda-feira (1º), em  relação ao pedido de concordada da GM encaminhado à justiça de Nova York. Ele considera que a situação é resultado de erros administrativos da própria empresa e destaca que a GM não poderia se salvar sem ajuda. Por isso, o governo teve que participar para salvar dezenas de milhares de empregos, além de evitar que a falência afetasse a economia do país e causasse efeitos inclusive fora do mercado de produção de veículos. Obama disse que, apesar de indicar os novos controladores, o governo não vai influenciar na administração da nova GM e reafirmou que a intenção é deixar a empresa o mais rápido possível. 

Com informações do Jornal Brasil Atual