GM do Brasil promete manter investimento e não demitir

Sob controle da Casa Branca, Nova GM vai manter filial sul-americana incorporada. Presidente da empresa no Brasil afirma que há independência tecnológica e que lucratividade dos últimos anos evita impactos da crise na matriz

A filial brasileira da General Motors fará parte da Nova GM, empresa criada no processo de reorganização da montadora. A informação foi confirmada pelo o presidente da GM do Brasil e operações Mercosul, Jaime Ardila, em entrevista coletiva nesta terça-feira (2). Os controle acionário da gigante do setor automotivo deve ser mantido pelo governo dos Estados Unidos por um prazo de 60 a 90 dias, segundo membros da gestão de Barack Obama.

“O governo dos EUA será dono da ‘Nova GM’ e da GM do Brasil por um tempo”, afirmou Ardila, segundo informou a Agência Reuters. Ele ressalva, porém, que a subsidiária brasileira “é saudável, lucrativa”, por isso, pode manter independência da matriz. A concordata nos EUA não terá impacto direto nos negócios da unidade brasileira, considerando os resultados de 2009 e de 2008, seu melhor ano.

Segundo o executivo, a empresa não pretende fazer demissões ou contratações neste momento e opera a plena capacidade. A Agência Brasil informou que Ardila condicionou a manutenção dos empregos à prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A subsidiária emprega cerca de 21 mil pessoas no país e possui três fábricas, mas sustenta que depende do incentivo fiscal para manter o ritmo de produção.

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Carlos Grana, revelou estar cauteloso a respeito do futuro da empresa, pelo temor de possíveis impactos negativos da reestruturação da matriz.

O presidente da empresa garante que a GM do Brasil não compra tecnologia da matriz, mas exporta o conhecimento em motores bicombustíveis e veículos compactos. Nos últimos três anos, segundo Ardila, a tranferência de tecnologia para outras unidades do grupo teve saldo de US$ 430 milhões, dos quais um terço foi acumulado em 2008.

Ardila afirmou ainda que nenhum veículo vai deixar de ser produzido no Brasil e disse que a companhia lançará um carro compacto ainda em 2009. Para o ano que vem, a GM planeja lançar mais quatro veículos.

Investimentos

A GM pediu concordata na segunda-feira (1º), o que representa um período de incertezas para a montadora de 100 anos, já que a Casa Branca deve ter 60% da nova empresa. O governo pretende que a proteção legal contra a falência nos Estados Unidos dure de dois a três meses. Durante o processo, a companhia será dividida entre Nova e Velha GM, uma com os ativos saudáveis e outra com partes que eventualmente serão liquidadas.

Investimentos de US$ 2,5 bilhões programados para o período de 2007 a 2012 para a América do Sul devem ser mantidos, segundo Ardilla. O Brasil é o destino previsto de US$ 2 bilhões e a Argentina do restante.

Apesar de representarem 5% das operações globais, as operações no Brasil têm se mantido lucrativas pelo menos desde 2004. Atualmente, possui 20% do mercado nacional de veículos, segundo o balanço de janeiro a maio deste ano.

Desde o fim de 2008, as vendas do setor tem se mantido em alta em decorrência da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis. A vigência da medida vai até junho, quando pode ser prorrogada. Nos cinco primeiros meses de 2009, as vendas de veículos comerciais leves, caminhões e ônibus totalizaram 1,1 milhão de unidades, queda de 0,15% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Com informações da Agências Reuters

Leia também

Últimas notícias