Economistas afirmam que país não está em recessão
Recuo do PIB do primeiro trimestre não reflete situação atual da economia, segundo Dieese. Para IBGE, conceito depende de mais fatores e análise mais ampla
Publicado 10/06/2009 - 11h16
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou no primeiro trimestre, mas os economistas dizem que o país não está em recessão. Os dados foram divulgados na terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram a segunda queda consecutiva do PIB do país. No primeiro trimestre, houve redução de 0,8% em relação ao último trimestre do ano passado.
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O órgão não considera que a economia passe por um quadro recessivo. O coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, questiona o conceito de recessão técnica baseado em quedas consecutivas do PIB e afirma que esta definição é uma forma simplista de analisar a economia.
“Recessão é um conceito teórico que envolve uma redução da atividade e econômica com vários fatores, [como] renda, emprego, comércio e PIB”, explica. “Então a gente prefere não se posicionar, o melhor caminho para compreender efetivamente esse movimento é por meio da atividade do ciclo, considerando todas as variáveis em um período de tempo mais longo”, completa.
Para o economista e diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, os números divulgados na terça-feira não refletem a atual fase da economia do país. Ele destaca que as contas públicas do governo estão bem administradas, a inflação está sob controle e diminuindo e o crédito disponível. Além disso, o mercado de trabalho lentamente vem apresentando resultados positivos de contratação e o setor empresarial indica retomada do investimento. “São todos sinais de que poderemos ter, nos próximos meses, um processo de retomada de ritmo de crescimento semelhante ao que tivemos em 2007 e 2008”, pondera.
Clemente Ganz Lúcio também afirma que, apesar do recuo do PIB no primeiro trimestre deste ano, a queda foi muito menor do que o registrado no quarto trimestre de 2008. Segundo ele, a economia brasileira está muito mais sólida que a de países desenvolvidos, como França, Inglaterra e Estados Unidos.