Heil, Alvim

Secretário da Cultura escancara ‘inspiração fascista’ do governo Bolsonaro, diz cientista político

Ministro de Hitler também se utilizava da propaganda para convencer a população de seus atos absurdos, pregando o extermínio dos indesejados

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"Para quem não sabe, os nazistas não rasgaram a Constituição, não deram um golpe"

São Paulo – Segundo o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), o discurso do secretário especial de Cultura, com alusão ao ministro da Propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, desnuda o viés fascista do governo do presidente Jair Bolsonaro. Ele também destaca o papel da imprensa na ascensão dos governos totalitários, auxiliando na produção de consensos a favor das forças políticas no poder ao mesmo tempo que deslegitima a oposição.

“É difícil acreditar que tenha sido mera coincidência essa correspondência entre as frases”, afirma Ramirez ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (17), sobre a fala de Alvim. “Pode-se dizer que é um governo de inspiração fascista, desde o início do processo eleitoral. Para quem não sabe, os nazistas não rasgaram a Constituição, não deram um golpe. Foram eleitos democraticamente, alcançando maioria no parlamento alemão. Foi por vias democráticas que o nazismo foi possível”, alertou.

O professor sugere o documentário Arquitetura da Destruição, do diretor sueco Peter Cohen, (disponível no Youtube) sobre o funcionamento da máquina de propaganda nazista. “Mostra o que foi o ministério do Goebbels e como os nazistas utilizaram a propaganda para convencer a população dos seus absurdos, dentre eles a eliminação de judeus, deficientes, homossexuais e pessoas de esquerda. O que não é muito diferente do discurso de Bolsonaro.”

Ramirez também cita a célebre frase de Goebbels, afirmando que bastava repetir uma mentira para se tornar verdade, ao tratar da estratégia utilizada não apenas por Bolsonaro, como também pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com declarações absurdas que confundem ficção com realidade. “Ficção” foi, por exemplo, como Bolsonaro reagiu à indicação ao Oscar do documentário Democracia em Vertigem, que retrata o golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. “Outros tantos meios de comunicação concordaram com esse tipo de interpretação, inclusive também partidos políticos, como o PSDB. À medida que você deslegitima a oposição, ao mesmo tempo, legitima a violência, o cerceamento da liberdade de expressão e de intelecto de cada indivíduo”, afirmou.

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