Mal passado

Normal para o governo, preço da carne aumenta em todas as capitais pesquisadas pelo Dieese

Altas vão de pouco mais de 1% a quase 20% só em novembro. Salário mínimo necessário foi calculado em R$ 4.021,39

A vida e a arte: cena do filme 'A Marvada Carne' (1985), em que o personagem vivido por Adilson Barros tem esse sonho de consumo

São Paulo – Considerada normal pelo governo, a alta no preço do carne foi destaque na pesquisa mensal do Dieese sobre a cesta básica, cujo custo aumentou em nove capitais e diminuiu em sete no mês passado. As principais altas foram apuradas em Vitória (7,89%), Florianópolis (4,45%) e Campo Grande (3,12%), enquanto as quedas mais expressivas foram as de Porto Alegre (-2,03%) e Curitiba (-1,95%).

A elevação do preço da carne bovina de primeira variou de 1,15% (Recife) a 19,37% (Vitória). No período de 12 meses, houve queda apenas em Aracaju (-5,71%). Nas demais, a altas foram de 1,30% (Campo Grande) a 30,81% (Florianópolis). “Altos volumes de carne têm sido exportados para a China, devido ao ano novo chinês; o período também é de entressafra bovina e o custo de reposição do bezerro está muito alto”, analisa o Dieese. “Por fim, o dólar desvalorizado estimulou as exportações. Todos esses fatores encareceram o valor da carne no varejo.”

De acordo com o instituto, que divulgou a pesquisa nesta quinta-feira (5), a capital com a cesta mais cara foi Florianópolis (R$ 478,68). O menor valor foi registrado em Aracaju (R$ 325,40). No ano, o Dieese aponta 10 cidades com redução e seis com aumento. Em 12 meses, a tendência se inverte, com nove capitais registrando elevação.

Quatro vezes maior

Com base na cesta mais cara, o Dieese calcula em R$ 4.021,39 o salário mínimo necessário para as necessidades básicas de um trabalhador e sua família, 4,03 vezes o valor oficial (R$ 998). Essa proporção era de 3,99 em outubro e de 4,15 em novembro do ano passado.

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica, em novembro, foi calculado em 89 horas e 10 minutos. Ficou pouco acima de outubro (88 horas e 39 minutos) e abaixo de novembro de 2018 (91 horas e 13 minutos). O trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu 44,05% da remuneração para comprar esses produtos, ante 43,80% e 45,07%, respectivamente.

Além da carne, o preço médio da lata de óleo de soja aumentou em 12 cidades. Já o valor do feijão subiu em 11, oito com o tipo carioquinha e três com o preto. O preço da batata caiu nas nove capitais do Centro-Sul, enquanto o quilo tomate recuou em 15 das 16 capitais pesquisadas – a exceção foi vitória.