América do Sul

Aos milhares, uruguaios residentes no exterior chegam ao país para votar em Daniel Martínez, da frente progressista

De carro, balsa e até a cavalo, eleitores esperam reverter tendência de vitória da aliança conservadora no segundo turno, disputado neste domingo

Arquivo Pessoal-Frente Amplio-LacallePou
Arquivo Pessoal-Frente Amplio-LacallePou
Postagem em rede social registra chegada de uruguaios ao país para votar em eleições que podem levar Martínez, da aliança progressista (ao alto) ou Lacalle Pou, de direita, à Presidência da República

São Paulo – Nos últimos dias, milhares de uruguaios residentes na Argentina, mas também em outros países da América do Sul e da Europa, estão se dirigindo ao Uruguai nos últimos dias para participar das eleições presidenciais deste domingo (24). Segundo a imprensa local, trata-se de uma verdadeira “enxurrada de eleitores da Frente Ampla (FA)”, que vão participar da votação para reverter a tendência que prevê sua saída do poder após 15 anos. A votação no Uruguai é obrigatória, mas é o único país da América Latina que exige votar exclusivamente em seu território, diferentemente das demais nações vizinhas em que os não residentes podem no consulado do país em que residem.

arquivo pessoal/twitter

Caravana para exercer a cidadania uruguaia

A corrente de uruguaios chegando ao país ganhou volume entre sexta-feira e sábado (22 e 23). Aos milhares, chegaram de balsa ao porto de Montevidéu, de ônibus no terminal Tres Cruces da capital, ou ainda cruzaram as fronteiras em carros, peruas e vans. Nos terminais, foram recebidos com faixas e bandeiras brancas, azuis e vermelhas da FA e pôsteres reivindicando o voto extraterritorial de familiares e militantes. “Você não acredita a quantidade de uruguaios vindo pra cá… de barco, carro, trem e até a cavalo, os do interior”, contou a brasileira residente na região metropolitana de Montevidéu, Mara Palmer.

Durante seus 15 anos no governo, a FA procurou reformar esse aspecto da lei eleitoral, sempre rechaçada pela oposição, sob argumento de que isso favoreceria a formação esquerdista, alegando que os uruguaios no exterior são majoritariamente progressistas.

“A FA existe como uma força política extraterritorial que organiza e gerencia esses deslocamentos que estavam mudando ao longo do tempo, diferentes redes argentinas sempre presentes. No entanto, não é o único partido uruguaio organizado na Argentina, mas o único que continua trabalhando duro”, afirmou, a pesquisadora argentina Silvina Merenson, doutora em ciências sociais e mestre em antropologia social à agência Télam.

Para aumentar o número de não residentes participantes da eleição, foram fundamentais as contribuições voluntárias dos militantes da FA no Uruguai, que organizaram eventos e concertos para arrecadar dinheiro. A iniciativa, porém, contou com a contribuição de empresas, como as que fazem os serviços de balsas entre Buenos Aires e Montevidéu – desde sexta-feira elas estão dando descontos substanciais para transportar os uruguaios residentes na Argentina.

Apertada

O Uruguai vai às urnas hoje para eleger o presidente da República que substituirá Tabaré Vázquez, da Frente Ampla. A disputa será travada entre o candidato da coligação do governo atual, de centro-esquerda, Daniel Martínez, e o candidato de centro-direita Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, numa coligação com o conservador Partido Colorado.

Arquivo pessoal/Twitter

Caravana para exercer a cidadania uruguaia

No primeiro turno, realizado em 28 de outubro, Martínez obteve 39,2% dos votos, enquanto Lacalle Pou alcançou 28,6% dos votos válidos. Na ocasião, nenhum dos candidatos obteve 50% dos votos, porcentagem necessária para ser eleito no primeiro turno.

De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria Factum, Lacalle Pou conta com 51% da intenção de voto, enquanto Martínez tem 43%. Os votos brancos ou nulos somam 6%. Outra pesquisa realizada a cinco dias da eleição pela empresa Cifra aponta que Lacalle Pou teria 47% de intenção de votos enquanto Martínez estaria com 42%.

A campanha presidencial no Uruguai foi encerrada na quinta-feira (21). No último ato da Frente Ampla, na cidade de Florida, centro do país, Martínez convocou seus apoiadores a “seguir lutando das mil formas possíveis pelo voto a voto” para chegar ao quarto mandato consecutivo da coligação progressista.

O candidato eleito no pleito do próximo domingo começará seu mandato em 1º de março de 2020.

Com reportagens da Agência Télam, Jornal Ambito (Uruguai) e Brasil de Fato


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