Déjà Vu

UNE quer estudantes de preto nas ruas no 7 de setembro contra cortes na educação

Após Bolsonaro conclamar a população a usar o verde e o amarelo, entidades estudantis prometem a volta dos caras-pintadas que ajudaram a derrubar Collor em 1992

Reprodução/UBES
Reprodução/UBES
Ao menos 23 cidades terão protestos em defesa da Amazônia e contra os cortes na educação

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) apelou na última terça-feira (3) para que a população compareça às comemorações da Independência do Brasil, no próximo sábado (7), vestindo o verde e o amarelo. Segundo ele, as cores da bandeira servem para mostrar que a “Amazônia é nossa”. Em resposta, a União Nacional dos Estudantes (UNE) anunciou atos por todo o Brasil para protestar contra as queimadas na floresta e também contra os cortes na educação. A entidade pede que os estudantes saiam às ruas vestindo preto para manifestar indignação.

Segundo o presidente da entidade, Iago Montalvão, o atual governo não tem política de preservação ambiental para a região amazônica, e em vez de apostar em surtos patrióticos, deveria se preocupar com o corte de recursos para as universidades e das bolsas de pesquisa. “É uma chacota com a cara do povo brasileiro. Não podemos aceitar isso. Precisamos ir às ruas, sim, para defender a nossa educação e a nossa Amazônia da destruição que esse governo tem operado. Por isso, dia 7 eu vou de preto. Eu luto pela educação e pela Amazônia”, afirmou em vídeo nas redes sociais.

Além do preto, os estudantes também prometem caras-pintadas, para fazer lembrar o movimento ocorrido em 1992, quando o então presidente Fernando Collor de Mello conclamou “todo o Brasil” a usar as cores da bandeira em apoio ao seu governo, fustigado por denúncias de corrupção. Em diversas cidades do país, a população saiu de preto naquele domingo de 13 de agosto, impulsionando o processo de impeachment que retiraria Collor  da presidência naquele mesmo ano. O próprio Bolsonaro fez menção ao evento histórico. “Eu lembro lá atrás que um presidente disse isso e se deu mal. Mas não é o nosso caso.”

Os estudantes discordam. “Vamos mostrar, no dia 7, que patriota não é aquele ou aquela que bate continência à bandeira americana, enquanto desmonta o Estado nacional, desde a educação até o meio ambiente. Patriotas de verdade são os estudantes, trabalhadores e o povo brasileiro que luta incansavelmente para construir um país plural, democrático, soberano e desenvolvido. Nesse 7 de setembro, os caras pintadas voltarão”, afirmou o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Pedro Gorki.

Até o momento, já estão confirmados protestos em 23 cidades e capitais nas cinco regiões do país. Pela redes sociais, os estudantes se mobilizam em torno da hashtag #Dia7EuVouDePreto.

Confira algumas postagens de apoio às manifestações: