Petrobras

Privatização do refino expõe o Brasil a flutuações internacionais

Alta do dólar pode atingir mais economia brasileira, já que o país vem aumentando a importação de combustíveis, enquanto exporta óleo cru

Agência Petrobras/André Valentim
Agência Petrobras/André Valentim
"É preciso não só acompanhar o preço internacional do petróleo, mas também a cotação do dólar", alerta Romano

São Paulo – O professor de Relações Internacionais e Economia da Universidade Federal do ABC (UFABC) Giorgio Romano afirma que, apesar dos ataques que interromperam parte da produção na Arábia Saudita, o preço internacional do petróleo não deve se manter em elevados patamares, devido à retração da demanda global pelo produto. O crescimento das economias dos Estados Unidos, Europa e China têm arrefecido nos últimos meses, levando a uma retração no consumo de energia.

No longo prazo, a menos que ocorram novas ações violentas, os principais impactos para o preço dos combustíveis, no Brasil, segundo ele, devem decorrer da uma possível variação do preço da moeda americana, devido à perda na capacidade de refino da Petrobras, por conta da proposta de privatização de quatro refinarias.

“O Brasil exporta petróleo cru e importa parte das suas necessidades em combustíveis, sobretudo diesel. Como a economia está fraca, a demanda é baixa, assim como é menor a dependência das importações. Se houver crescimento, e sem a expansão do refino – e nada indica, porque a Petrobras interrompeu seu esforço de ampliar a capacidade de refino, apostando na iniciativa privada – o país terá prejuízo. É preciso não só acompanhar o preço internacional do petróleo, mas também a cotação do dólar. O aumento do dólar pode ter impacto muito maior”, afirmou o professor em entrevista aos jornalistas Marilu Cabanãs e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (18).

Arábia Saudita

Romano destaca que os ataques ocorridos no último sábado revelam a fragilidade da proteção do sistema de distribuição de petróleo pelo mundo. “A Arábia Saudita é um grande comprador de armas sofisticadas dos Estados Unidos.  E mesmo assim Ainda assim não foram capazes nem de detectar esse ataque. O sistema de defesa falhou completamente.” Segundo ele, o risco de um novo ataque pode servir de estímulo para que as potências ocidentais pressionem os sauditas a pôr fim à guerra contra os houthis no Iêmen.