Muitas vaias

‘Lula está preso, mas o choro é livre’, diz diretor do Ministério da Saúde

Na abertura da 16ª Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, o ministro da Saúde culpou a Venezuela pelo retorno de doenças, como o sarampo

Divulgação/CNS
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Com o tema Democracia e Saúde, conferência nacional teve abertura tensa

São Paulo – O diretor do departamento de articulação Interfederativa da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, Allan Quadros Garcês, portou-se de maneira coerente com os atos do governo ao qual serve. Na abertura da 16ª Conferência Nacional de Saúde, na noite de hoje (4), em Brasília, usou o tom de destempero, desrespeito e deboche típico do chefe Jair Bolsonaro (PSL). Vaiado por parte da platéia, não deixou por menos: “É interessante ver a democracia no país. Vocês estão aqui podendo vaiar. E eu gostaria de lembrar que o Lula está preso, mas o choro é livre”, disse, aproveitando para ironizar o tema da conferência, Democracia e Saúde.

A fala provocou ainda mais vaia e gritos de “Lula Livre”. Os seguranças ameaçaram ir para cima dos manifestantes, mas atenderam aos clamores do presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, que da mesa pedia que a plateia silenciasse.

As vaias se estenderam por longo tempo e aumentaram o tom quando foi anunciado o nome do ministro da Saúde, o médico e ruralista Henrique Mandetta (DEM-MS). Em meio a tantas vaias, Mandetta não conseguia dar início a seu discurso, carregado de educadas alfinetadas. Afirmou que a sua gestão é a primeira da pasta em que não existe mais o “toma lá dá cá”. E que as doenças que estão reaparecendo “nascem da maior ditadura que a América do Sul enfrenta, que é a Venezuela”.

Respondendo às insistentes vaias, Mandetta disse que as palavras são “para quem quer ouvir, e que ouvir é diferente de escutar”. Dirigindo-se nominalmente à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que participou da plenária de abertura, à tarde, em que defendeu a liberdade de Lula como questão de justiça e democracia, que este ano completam-se 100 anos de Carlos Chagas, talvez o brasileiro mais injustiçado por um Nobel.

Depois de muito enaltecer as realizações da sua gestão e fazer promessas, disse que “a agressão não cabe no SUS”. E que quem quiser lutar pela vida que seja bem vindo”. E àqueles que “lutam por causas menores”, a história vai mostrar a verdade dos fatos. E foi enfático ao se dirigir “àqueles que não respeitarem os recursos do SUS”: “Serão recebidos na ‘suíte Moro’ em Curitiba”.

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Forte aparato de segurança dos gestores da Saúde do governo de Jair Bolsonaro

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