Contra a reforma

Centrais avaliam greve geral e mantêm críticas a projeto de reforma da Previdência

Decisão de motoristas de São Paulo de não aderir à greve surpreende sindicalistas. Para eles, mudanças na PEC 6 não bastam. "Toda reforma tem ser rediscutida"

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Manifestação da greve geral em Presidente Prudente, interior de SP

São Paulo – Com ressalvas, dirigentes das centrais sindicais fizeram avaliação positiva da greve geral desta sexta-feira (14), embora o funcionamento normal dos ônibus na cidade de São Paulo tenha surpreendido e provocado críticas internas. Eles marcaram reunião para a próxima segunda-feira (17), na sede do Dieese, para analisar o movimento e preparar os próximos passos contra o projeto do governo de “reforma” da Previdência.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a mobilização foi “tão boa quanto 2017“, quando as centrais também fizeram uma greve geral, em abril. Segundo ele, o movimento de hoje “deixou claro que a reforma da Previdência não tem apoio na sociedade”. Ao lado de dirigentes de outras centrais, no final da manhã ele participou de entrevista coletiva e manifestação diante da sede do INSS em São Paulo, na região central da capital.

Sobre as mudanças na Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 6, feitas pelo relator na comissão especial, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), ele afirmou que “qualquer coisa seria melhor que a proposta do governo”, mas acrescentou que o projeto continua sendo ruim. “Não adianta tirar capitalização e manter idade mínima”, exemplificou. “Não vamos aceitar retirada de direitos”, disse Vagner.

“O recado foi dado, e queremos que seja levado em conta”, comentou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. “Acho que a greve geral atendeu à expectativa de mostrar que os trabalhadores estão descontentes. Eles não se negam a discutir, mas querem alterações (na proposta)”, acrescentou. Segundo ele, é preciso debater temas como o da transição para um novo regime, entre outros. A central divulgou nota afirmando que “mais de 45 milhões de trabalhadores participaram dos atos e manifestações em todo o Brasil”.

“A reforma como um todo precisa ser rediscutida”, disse o secretário de Relações Internacionais da CTB, Nivaldo Santana. “Não podemos aceitar esse samba de uma nota só, dizendo que a reforma é uma panaceia para todos os males. A Previdência deve garantir o sistema de repartição, os direitos. O importante é estabelecer uma mesa de negociação no parlamento, e que as opiniões dos trabalhadores sejam consideradas.” Nivaldo avaliou que houve “uma grande greve no Brasil inteiro”, mesmo com a questão “fora do previsto” envolvendo os ônibus em São Paulo.

A questão dos transportes, que teve paralisação parcial, fez o movimento ficar abaixo do previsto, segundo o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio. Ele incluiu outros fatores na avaliação. “O governo e a mídia jogaram pesado, com a apresentação do relatório, o que causou alguma confusão”, afirmou. Para ele, o texto do deputado tucano “manteve as crueldades”, como idade mínima, redução do valor da pensão e mudança na forma de cálculo. “Não temos nenhuma razão para não seguir na luta.”

Um sindicalista afirmou que o deputado federal Valdevan Noventa (PSC-SE), presidente licenciado do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, reuniu-se ontem com o prefeito paulistano, Bruno Covas, e depois disso houve a decisão de não interromper as atividades, ao contrário do que havia sido decidido em plenária segunda-feira e com ratificação ontem. A categoria estava pronta para a greve, segundo o presidente da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho, dirigente do setor de transporte coletivo urbano.

 

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