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Boulos convoca para greve geral: ‘Está em jogo a destruição da Previdência’

Segundo o coordenador do MTST, adesão à paralisação vem crescendo entre os trabalhadores que entenderam os riscos da proposta de Guedes e Bolsonaro

Reprodução/RBA
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Reforma substituiu sistema de solidariedade pelo "cada um por si", segundo Boulos

São Paulo – O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, diz que a reforma da Previdência do governo Bolsonaro, se aprovada, destruirá o que chama de “colchão” que impediu que a crise econômica dos últimos anos fosse ainda mais grave. Sem a previdência pública, a consequência será uma onda de miséria e convulsão social no Brasil. Ele aposta na paralisação dos trabalhadores e na mobilização dos movimentos sociais na greve geral da próxima sexta-feira (14) para barrar a proposta que tramita no Congresso Nacional. “Eles estão brincando com fogo ao tentar destroçar a Previdência social.”

“Está começando a ficar claro para uma parte importante dos trabalhadores o que de fato está em jogo com a reforma da Previdência. O que está em jogo não é uma reforma, muito menos o combate a privilégios, como querem fazer acreditar. É a destruição da Previdência Pública. É isso que está sendo proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes”, afirmou Boulos em entrevista aos jornalistas Marilú Cabanãs e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (12).

Segundo o coordenador do MTST, com a elevação do tempo de contribuição de 15 para 20 anos, e a idade mínima de 62 anos para as mulheres e 65 para homens – somada a crescente informalidade causada pela reforma trabalhista – a maioria dos brasileiros não vai conseguir se aposentar. “A ideia é tornar a aposentadoria pelo INSS como algo inviável, vão se aposentar só no caixão.  “É uma reforma que ataca direitos, e tem objetivos muito claros. Cria-se um problema para vender a solução, literalmente. É sair da lógica da solidariedade para a lógica do ‘cada um por si'”.

Capitalização

A suposta “solução” citada por Boulos é o modelo de capitalização defendido por Guedes, que viria para substituir o atual modelo de repartição, que é baseado no principio da solidariedade. Na capitalização, o trabalhador contribui para uma conta individual administrada por fundos gerenciados por instituições financeiras privadas. A contribuição dos patrões e do governo deixa de existir. De inspiração chilena, o esse modelo resultou na maioria dos aposentados daquele país recebendo menos de um salário mínimo como aposentadoria. De 30 países que adotaram a capitalização, 18 voltaram atrás, segundo levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O projeto de reforma ainda altera critérios para aposentadoria rual, e reduz o pagamento de benefícios assistenciais e previdenciários, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – pagos a idosos e pessoas com deficiência com renda familiar inferior a um quarto do salário mínimo – pensão por morte e aposentadoria por invalidez.  Segundo Boulos, o que está em jogo com a reforma da Previdência é o futuro do Brasil.

Reação

Ele afirma que os movimentos sociais, através das frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, devem realizar ações em todo o Brasil na próxima sexta-feira. “É um dia que o Brasil resolveu parar em protesto contra uma reforma que compromete os trabalhadores atuais, compromete quem está entrando no mercado de trabalho e também as futuras gerações. Compreendendo a gravidade do que está em jogo, temos muitos motivos para parar na próxima sexta-feira. Não trabalhar, não produzir, não consumir e ir para as manifestações que vão acontecer em todos os cantos do Brasil.”

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