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Em Brasília, atos têm fantasia e máscaras de Bolsonaro, mas sem empolgação

Concentração e passeatas duraram pouco mais de três horas, em evento que se destacou por críticas ao STF, MBL, Mourão e Olavo de Carvalho. Maioria dos manifestantes pediu 'tempo para deixar presidente governar'

Pedro Ladeira/Folhapress
Pedro Ladeira/Folhapress
Manifestantes em defesa do governo Bolsonaro realizam ato de apoio ao presidente. Com faixas e cartazes contra o STF e os deputados do Centrão, os manifestantes declaram apoio a Bolsonaro, à reforma da Previdência e ao ministro Sérgio Moro.

Brasília – O ato em apoio ao governo Jair Bolsonaro (PSL) começou na capital do país por volta das 10h40, com uma passeata pela Esplanada dos Ministérios, e contou com cerca de 10 mil pessoas, conforme informações da Polícia Militar. Os coordenadores do movimento, entretanto, insistiram em afirmar que o número foi de 20 mil pessoas. Caminhando de forma pacífica, os manifestantes saíram da frente do Museu da República até a sede do Congresso Nacional, num percurso do qual fizeram parte três carros de som, mas com empolgação que está longe da observada poucos dias atrás no mesmo local, durante os protestos de estudantes e professores contra o governo e por mais verbas para a educação.

Eles iniciaram a concentração por volta das 9h, no trecho entre a rodoviária do Plano Piloto e o Museu da República. O ato foi marcado por pessoas trajando roupas nas cores verde e amarelo, pessoas com máscaras do presidente Jair Bolsonaro e por faixas contra a corrupção no país, a favor da reforma da Previdência e pedindo apoio do Congresso ao governo. “Deixem Bolsonaro governar”, pedia uma delas.

Outras críticas, feitas por meio das faixas e cartazes, chamaram a atenção para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o Supremo Tribunal Federal (STF) e os parlamentares do chamado Centrão – grupo apontado como um dos responsáveis pelas últimas derrotas do governo no Congresso. O Centrão foi chamado, por grupo de servidores públicos que portavam cartazes, como “O Mal do Brasil”.

“Ao contrário dos deputados do Centrão, que costumam fazer a política antiga, de compra de votos para aprovar as propostas importantes para o país, nós não ganhamos nada para estar aqui. Estamos por espontânea vontade e o que queremos é que este tipo de parlamentar, que integra o Centrão, fique o mais distante possível do Congresso”, afirmou a advogada Luciana Pires, servidora do Serpro.

Um segundo grupo se fantasiou de lagostas, numa alusão ao alto orçamento do Supremo Tribunal Federal (STF) com compras de lagosta para suas refeições. Seus integrantes gritaram frases como “Fora Toffoli” e “Fora Gilmar”, numa referência, respectivamente, ao presidente da mais alta Corte do país, Dias Toffoli, e o ministro Gilmar Mendes.

Outro grupo, formado por estudantes, se concentrou em frente a um boneco de ar com a imagem do ministro da Justiça Sérgio Moro. Eles também pediram apoio da população ao pacote anticrime de Moro.

MBL, Mourão e Carvalho

As maiores críticas foram feitas ao Movimento Brasil Livre (MBL), que anunciou poucos dias atrás que não participaria dos atos, ao vice-presidente Hamilton Mourão e ao filósofo Olavo de Carvalho. O  MBL foi chamado de “traidor da nação”. Já Mourão e Carvalho foram alvos de palavrões e xingamentos e apontados como personalidades que estariam, conforme os manifestantes, “atrapalhando o Brasil”.

“O vice deveria entregar o cargo e ir morar fora do país, como o Olavo já mora. E este último, deveria parar de se meter nas coisas do governo para dar paz aos ministros e ao Congresso na condução das reformas que o Brasil precisa”, afirmou a estudante de Comunicação Laura Nogueira. Eleitora de Bolsonaro ela disse que não participou dos atos pela educação e tem esperanças de ver a economia do país se recuperar até 2022.

“Não podemos ficar somente sando ‘do contra’. Se demos a ele (Bolsonaro) chance de se eleger, temos que permitir que agora sejam feitas as mudanças prometidas. Está na hora de acabarmos com essa guerra que tem se tornado os últimos quatro meses em que cada anúncio, cada decisão, é contestada”, opinou.

Do alto de um dos trios elétricos, a deputada distrital Kelly Bolsonaro (PSL-DF) afirmou, em discurso, que o objetivo do ato é “a defesa do país”. “Estamos aqui para manifestar apoio ao governo e mostrar que também temos força”, disse, numa referência aos atos realizados por integrantes da oposição, semanas atrás. “Vamos mudar nosso país. Nossa bandeira jamais será vermelha”, acrescentou.

A bancária Dilma Montenegro, que levou dois filhos adolescentes para o ato, disse que se preparou desde a última quarta-feira para participar da passeata. “Estamos preocupados com tudo o que está acontecendo, é claro. Mas o que estamos percebendo é que as críticas ao atual governo têm sido uma forma velada de deixar o presidente sequer sair da cadeira para começar a governar. Então, estamos aqui para pedir calma a todos”, ponderou.

De acordo com Dilma, que ouviu várias brincadeiras por ser xará da ex-presidenta (Dilma Rousseff), o momento é de “paciência”. “Vamos deixar que ele pelo menos consiga mostrar a que veio. Se as coisas não derem certo, é outra coisa, vamos reclamar, cobrar pelo nosso voto. Mas é preciso dar um tempo de um ou dois anos a esse governo”, ponderou.

A manifestação não teve atos de violência e foi realizada de forma organizada, mas menos de três horas depois, já começou a dar sinais de dispersão e de retorno das pessoas para suas casas.

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