Povos originários

‘O Inusitado Encantamento Xondaro’ resgata tradição histórica indígena

Xondaro é uma técnica de dança e luta de tradição indígena. O documentário busca resgatar a cultura tradicional para preservá-la

Reprodução/YouTube
Reprodução/YouTube
Xondaro é uma técnica de luta utilizada pelos indígenas guaranis para defesa de seu território (tekoa)

São Paulo – O Museu do Inusitado, em São Paulo, realiza ao longo desta semana uma série de exibições de um documentário sobre a luta indígena no Brasil. A obra “O Inusitado Encantamento Xondaro” retrata técnica de dança e luta indígenas. Saraus com programação literária acompanham as exibições entre quarta-feira (14) e sábado (17).

Xondaro é uma técnica de luta utilizada pelos indígenas guaranis para defesa de seu território (tekoa). Ela também é uma dança, que se configura um ritual em defesa do sagrado. Esse método, segundo os guaranis, permite que os antigos guerreiros seguraem uma flecha lançada e ainda se transformem em seres encantados, como onça, cobra e macaco.

A produção do Coletivo Museu do Inusitado tem o intuito de dar visibilidade à técnica, que carrega semelhanças com a capoeira, em razão de suas funções combinadas de luta e dança. Toda a obra foi gravada na Aldeia Nhaderekoa, em Itanhaém, litoral de São Paulo. A produção traz relatos de mestres Xondaros, além da exibição da técnica.

As exibições

O documentário conta com exibições em bibliotecas públicas de São Paulo. Todas elas contam com abertura e encerramento poéticos, além de rodas de conversas com lideranças indígenas sobre a arte Xondaro e a luta pela manutenção dos conhecimentos históricos dos povos tradicionais.

“Nossa ideia é resgatar questões essenciais da cultura indígena e o Xondaro. É um exemplo que precisa ser reforçado não apenas com a população de modo geral, mas também com a geração indígena mais nova, já que esta vem inserida em um contexto diferenciado, influenciado pela mídia”, explica o idealizador e fundador do Museu do Inusitado, Luís Vitor Maia.

Maia reforça a relevância de manter a cultura dos povos originários. “É necessário estar em contato com a história. Além disso, contribuímos para ampliar a visibilidade indígena na sociedade”, afirma.

A aldeia

A aldeia que recebeu a produção do documentário fica na Serra do Mar, na cidade de Itanhaém. Trata-se de um território tradicional Guarani-Mbya. Nhaderekoa significa “caminho para todos”, ou “caminho de todos”. São 12 famílias que buscam ali preservar as vivências tradicionais, religiosa e social, com segurança a partir das tradições originárias e utilização do território de direito.

A parceria com o Museu do Inusitado tem objetivo de fortalecer a aldeia e angariar recursos para a construção da Opy (Casa de Reza). O espaço é fundamental para o fortalecimento espiritual da comunidade e para o Nhanderekó (modo de vida) do território.

“Diante da falta de assistência pelos poderes públicos, contribuímos com as lideranças indígenas na busca pela reestruturação de seus territórios por meio da criação de espaços culturais, que proporcionem experiências de troca entre seus moradores, outros indígenas e grupos de pessoas e associações interessados em promover ações afirmativas para as regiões das aldeias”, finaliza Maia.

Serviço

  • 14/12/22, a partir das 14h
    Biblioteca Pedro Nava: Av. Eng. Caetano Álvares, 5903 – Mandaqui, São Paulo
  • 15/12/22, a partir das 13h30
    Biblioteca Vinícius de Moraes: R. Jardim Tamoio, 1119 – Conj. Res. José Bonifácio, São Paulo
  • 17/12/22, a partir das 11h
    Biblioteca Nuto Sant’Anna: Praça Tenório de Aguiar, 32 – Santana, São Paulo

Para mais informações sobre este e outros projetos do coletivo, acesse @museudoinusitado