Em São Paulo

‘Nosso chão, nossa história’: atividade pela memória negra do Bixiga é realizada neste sábado

Evento é parte de mobilização pela proteção de sítio arqueológico do Quilombo Saracura, descoberto nas obras do metrô

Vai-Vai/Paulo Santiago
Vai-Vai/Paulo Santiago
Movimento quer construção de um memorial e que a futura estação se chama Saracura

Brasil de Fato – Roda de conversa, contação de história, oficina de bonecas Abayomis e lanche comunitário acontecem durante a tarde deste sábado (30) no bairro do Bixiga, região central de São Paulo. As atividades integram a mobilização em defesa da preservação do sítio arqueológico do Quilombo Saracura, descoberto ali durante as escavações de uma estação da Linha 6-Laranja do metrô.  

Moradores do bairro, coletivos do movimento negro, sambistas da tradicional escola de samba Vai-Vai, pesquisadores e outros ativistas criaram, então, o coletivo Mobiliza Saracura Vai-Vai. “Não somos contra o metrô, somos contra o apagamento histórico”, explicam cartazes espalhados pelas ruas do Bixiga. 

Leia também: Ato cobra preservação de sítio arqueológico do Quilombo Saracura, no Bixiga

O coletivo reivindica que seja feito um memorial no local com uma exposição permanente dos objetos encontrados, que se implemente um projeto de educação patrimonial com a comunidade e que o nome da estação de metrô seja alterado de 14 Bis para Saracura Vai-Vai. Além de um manifesto e uma petição pública, a mobilização envolve atividades relacionadas ao passado, o presente e o futuro do bairro enquanto um território de resistência negra. 

Entre elas, a deste sábado (30), que acontece ao ar livre a partir das 15h na escadaria da rua 13 de Maio. Sob o título “Bixiga negro – nosso chão, nossa história”, a roda de conversa começa com relatos dos moradores mais antigos do bairro sobre as vivências na região do Saracura.  


“Há muitos exemplos de cidades recuperando a história apagada pelo racismo e o escravismo colonial. São Paulo não pode continuar no atraso”, diz o manifesto. / Divulgação

Em seguida, Gisele Brito, do Instituto de Referência Negra Peregum e da Uneafro, e Pedro Mendonça, do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade da USP, falarão sobre os impactos raciais dos projetos de infraestrutura urbana. A oficina de confecção de bonecas Abayomis e a contação de história serão conduzidas pela pedagoga Luciana Makena.

Leia também: Cultura exige recriação do ministério, políticas de fomento e mais acesso da população

“Agora que a existência deste patrimônio veio à tona, não podemos permitir que nossa história seja mais uma vez escondida”, afirma o manifesto da articulação. “É hora de devolver às gerações de descendentes negros do bairro seus direitos à memória, à terra e à presença neste solo.”


Leia também


Últimas notícias