Remetentes e destinatário

Lançamento de ‘Querido Lula: cartas a um presidente na prisão’ terá leitura de artistas

Obra mostra sentimentos daqueles que viram de longe 580 dias de cárcere que marcaram a história. Prefácio é assinado por Emicida

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Livro terá lançamento no dia 31, no Tuca, em São Paulo

São Paulo – A editora Boitempo lança na próxima terça-feira (31) o livro Querido Lula: cartas a um presidente na prisão, em evento no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o Tuca. Artistas como Denise Fraga, Camila Pitanga, Cleo Pires e Zélia Duncan lerão algumas das 46 cartas, reunidas na publicação, enviadas ao ex-presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva (PT) no período em que ele ficou encarcerado na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. 

O lançamento também contará perfomances da artivista Preta Ferreira, da cantora Tulipa Ruiz, do humorista Leandro Santos e da vereadora Erika Hilton (Psol-SP). A historiadora francesa e brasilianista Maud Chirio selecionou as escolhidas, em um acervo de aproximadamente 25 mil cartas endereçadas a Lula. O livro, que já foi publicado na França neste ano, traz ainda um caderno com imagens das cartas e dos objetos enviados ao ex-presidente, atual pré-candidato ao Palácio do Planalto

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Ao longo dos 580 dias de cárcere – de 7 de abril de 2018 a 8 de novembro de 2019 –, formou-se um acervo também de livros, revistas sobre futebol, poemas e cordéis. Além de Bíblias, fotografias, desenhos, roupas e cobertores, bordados, gravuras, estatuetas de divindades de todas as religiões, flores secas e outros materiais decorativos registrados nas imagens da obra. A editora explica ainda que, diferente de outras obras de estadistas encarcerados, que reúnem parte de sua comunicação com o mundo exterior, as cartas para Lula, que preenchem o livro, apresentam a visão daqueles cidadãos comuns que viram de longe o desenrolar da história. 

Carta como gesto de presença

“A partir de 2003, comecei a ver seu poder de transformação. Paulatinamente, vi a miséria no meu estado regredir, vi diminuir o número de pedintes nas ruas, vi o pobre ter acesso a curso superior (…)  E vi que pra isso tudo, minha vida não tinha piorado. Pelo contrário, só melhorou. Daí que ainda não consigo compreender a raiva que a maioria das pessoas pertencentes a minha classe sente por conta de tais conquistas”, diz trecho de um carta endereçada a Lula, escrito por Ana Carolina, de Teresina, em 13 de abril de 2018. 

A avaliação é que o período em que petista esteve encarcerado mudou para sempre a história pessoal de Lula e do Brasil. Ambas acabaram marcadas pela ascensão da extrema direita, com Jair Bolsonaro. Mas também pela solidariedade de milhares de brasileiro e pela a Vigília Lula Livre. Assim como pela luta nacional e internacional de juristas para reverter as condenações e denunciar a prisão política do agora favorito a vencer a eleição para a Presidência da República, como em 2018. 

O livro leva ainda o prefácio assinado pelo rapper Emicida, que destaca as cartas ao ex-presidente como atos de pura doação do interlocutor “a um único coração que precisa não somente daquela informação naquele momento, mas, além disso, precisa daquela manifestação”. “Uma carta é uma maneira de se fazer presente, diria Foucault. Um gesto simbólico, ilustrando que entre os dois extremos envolvidos, missivista e destinatário, não existe distância, ou ainda que ela pode até existir, mas não é suficiente para separá-los”, descreve o artista. 

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Redação: Clara Assunção.
Edição Paulo Donizetti de Souza
Com informações da Folha de S. Paulo e da Boitempo


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