São Paulo – Com o objetivo de reatar a conexão entre África e Brasil, o projeto Afrika Talks busca fortalecer as narrativas ainda pouco difundidas pelo território brasileiro sobre o território africano, muito além do processo de escravidão. O evento, em sua segunda edição, será realizado nesta quinta-feira (7), às 19h, na Biblioteca Mário de Andrade, centro de São Paulo.

Inspirado no programa internacional TEDx, que reúne pessoas para dividir experiências próprias, o projeto criado pelo artista angolano Ermi Panzo reúne pensadores e artistas africanos para compartilhar trajetórias e culturas nativas. De acordo com ele, essas personalidades são residentes no Brasil e ajudarão a desmistificar diversas narrativas estereotipadas sobre a África.

“O evento tem o objetivo de reatar e expandir essa conexão entre África e Brasil. É a ideia costurar um cordão umbilical que está cortado. A nossa história só é contada dentro de uma ótica de tristeza, falando sobre escravidão, por exemplo. Então, nosso objetivo é desmistificar vários conceitos da África. Além disso, também querendo ajudar nossos irmãos afrodescendentes no caminho de volta para casa, entendo os valores das nossas matrizes”, explicou ele à RBA.

Ermi relata que tentou incluir seu projeto junto ao programa que o inspirou, mas não teve avanços nas conversas. “Tive a ideia de me associar ao TEDx, mas contando a história dos africanos. É importante contarmos essas histórias em primeira pessoa, levando essas vozes para o mundo. Entretanto, o projeto não foi avante com eles e, a partir disso, criei meu próprio evento. Assim, pude levar narrativas e realidades dos africanos na diáspora no Brasil”, disse.

Afrika Talks

A edição deste ano homenageia cinco pensadores e artistas africanos participantes do Afrika Talks. Além disso irá apresentar outras quatro personalidades afrodescendentes na categoria Nossa voz, nossa história. Segundo o organizador, essas pessoas precisam ser celebradas pelo ativismo, articulação e inclusão da cultura africana imigrante nos demais polos culturais do Brasil.

“O evento vai premiar os imigrantes africanos, através de uma honraria. Cada um deles vai trazer sua temática e valor. Então, essa premiação ajudará a fortalecer e apreciar o papel de cada um desses africanos presentes no evento. Mas nós também entendemos que nossa caminhada não depende dos nossos próprios pés, mas de outros irmãos, que fazem um trabalho importante nessa conexão entre África e Brasil. Portanto, escolhemos quatro pessoas que são ativas nesse tema para honra-los. Eles ajudam muito nesse tema da africanidade e na conexão de refugiados com diversas plataformas culturais”, explicou.

O evento deste ano contará com presença nomes importantes da cultura africana. Entre eles: a camaronesa e chef de cozinha Melanito Biyouha; o escritor nigeriano Ikechukwu Sunny; o ator e modelo da Guiné-Bissau Vensam Iala; a advogada congolesa e presidenta do Conselho Municipal de Imigrantes de São Paulo, Hortense Mbuyi ; e o organizador e artista angolano Ermi Panzo.

Segundo Panzo, a primeira edição foi um sucesso e o evento deste ano não será diferente. “Como não conseguimos agregar o projeto a uma das maiores plataforma do mundo, não baixamos a cabeça e criamos nosso próprio evento. Depois da edição anterior, recebemos um patrocínio grande. Nessa edição, conseguimos superar as expectativas, com as portas abertas de uma das maiores bibliotecas do mundo. Além, claro, da possibilidade de entregar prêmios de reconhecimento aos convidados. Então, é uma evolução que estamos conquistando”, afirmou.

Para saber mais sobre o evento, acesso o site.