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Cultura, integração e denúncia na 16ª Mostra Mundo Árabe de Cinema

Além de filmes inéditos no Brasil, a mostra promoverá encontros virtuais com diretores relevantes do cinema árabe. Tudo gratuito e on-line

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"Se perdemos o contato físico, ganhamos em acessos. Conseguimos ir para lugares que antes não conseguíamos. Ainda vivemos em pandemia, é importante reforçar isso", diz realizadora

São Paulo – Começou nesta sexta-feira (20) a 16ª Mostra Mundo Árabe de Cinema. O evento gratuito é realizado pelo segundo ano consecutivo de forma totalmente on-line em razão da pandemia de covid-19. Nesta edição, serão sete filmes inéditos no Brasil, oferecidos ao público semanalmente, até o dia 16 de setembro. As obras podem ser conferidas em duas plataformas digitais, a do Sesc São Paulo e também do próprio evento.

“Com a pandemia, tivemos a incerteza da realização da mostra, mas conseguimos realizar. Se perdemos o contato físico, também ganhamos em acessos. Conseguimos entrar, ir para lugares que antes não conseguíamos atingir. Ainda vivemos em pandemia, seguimos com insegurança sanitária, é importante reforçar isso”, destacou a idealizadora do festival, a farmacologista e ex-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Soraya Smaili, durante cerimônia de abertura que aconteceu na noite de quinta-feira (19).

Cinema denúncia

A Mostra Mundo Árabe de Cinema tem como realizadores o Instituto da Cultura Árabe (ICArabe), parceria com o Sesc São Paulo, a Casa Árabe e o centro cultural da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Além dos filmes, os expectadores terão oportunidade de participar de três encontros virtuais com especialistas e diretores de filmes em cartaz. Entre eles, o cineasta palestino Ameen Nayfeh, que apresenta seu mais novo longa-metragem, A 200 Metros (2020). O diretor premiado no festival de Veneza e que concorreu ao Oscar deste ano conta a história de uma família palestina separada pelo estado de Israel por um muro que confina palestinos e os impedem de transitar em seu próprio território.

O curador da mostra, Arthur Jafet, ressalta a relevância dos temas tratados pelo cinema árabe. “Na esteira da pesquisa por obras da cinematografia contemporânea do mundo árabe, põe-se em xeque a identidade de povos e o ideal de nação que se pretende forjar, sob a ótica crítica de seus diretores que despontam no afã de denunciar temáticas de cunho regional e universal.”

Diversidade e identidade

O presidente do ICArabe, Murched Omar Taha, destaca que “o cinema nos dá oportunidade de contar histórias que nos remetem ao mundo real”. Ele reafirma parcerias históricas entre o Brasil e o mundo árabe, de compreensão, empatia com a alteridade e desenvolvimento comum. “A arte mostra que temos muito a contribuir para a comunidade, em clima de tolerância. Essa mostra é uma oportunidade de voltarmos nossas vistas para um povo e sua cultura. Essa mostra é mais uma coroação da grande aproximação da sociedade brasileira. A aceitação plena das identidades culturais permite à cultura árabe de se integrar com o país”, completou.

A fala de Taha foi reafirmada pelo embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. “O Brasil aceitou de braços abertos milhares de imigrantes árabes que se integraram na sociedade de uma forma exemplar. Através de mais de 150 anos, todos que somos de origem árabe demonstramos integração e participação no desenvolvimento cultural brasileiro. Há uma trajetória construída lado a lado entre o Brasil e o mundo árabe, com uma relação baseada no afeto. Histórias que merecem ser preservadas e lembradas através do reforço dos laços em eventos como este”.

Programação da Mostra Mundo Árabe de Cinema

Na plataforma do Sesc serão exibidos:

  • 20 a 26 de agosto: A 200 Metros (2020), de Ameen Nayfeh
  • 27 de agosto a 2 de setembro: Bagdá Vive em Mim (2019), de Samir Jamaleddine
  • 3 a 9 de setembro: Caos (2018), de Sarah Fattahi
  • 10 a 16 de setembro: Os Espantalhos (2019), de Nouri Bouzid

Na plataforma da Mostra:

  • 20 a 26 de agosto: Chave de Fenda (2018), de Bassam Jarbawi
  • 7 de agosto a 2 de setembro: Nós somos de lá (2020), de Wissam Tanios; e o curta-metragem In Memoriam (2021), de Otávio Cury

Serão três encontros on-line com os diretores. Na sexta-feira (27), às 18h, bate-papo sobre o filme A 200 Metros, com o cineasta Ameen Nayfeh, a historiadora Maria Aparecida Aquino, professora-titular da USP, e o jornalista Diogo Bercito. No dia 1º de setembro, sobre o filme Nós Somos de Lá e o curta In Memoriam, com os cineastas Wissam Tanios e Otávio Cury, a reitora da Unifesp e idealizadora da Mostra Mundo Árabe de Cinema, Soraya Smaili, e o historiador Murilo Meihy (UFRJ). No dia 3, é a vez do filme Bagdá Vive em Mim, com o cineasta, Samir Jamaleddine, o professor-titular da Unicamp Mostafa-el Guindy e o jornalista José Arbex.


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