Silêncio

No país sem carnaval, Demônios da Garoa perde uma de suas vozes

No grupo há mais de duas décadas, Izael, de 79 anos, é outra vítima da covid-19

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA
Criado nos anos 1940, o recordista Demônios teve várias formações. Na foto mais recente, Izael está ao centro

São Paulo – O mais antigo conjunto brasileiro, o Demônios da Garoa, perdeu Izael Caldeira, um de seus integrantes, outra vítima da covid-19. Estava internado desde o dia 4. Ele havia completado 79 anos em 27 de janeiro e fazia parte do grupo desde 1999, cantando e tocando timba. Casado, tinha cinco filhos, nove netos e um bisneto. O enterro estava marcado para a manhã desta terça (16), em São Paulo.

Ainda com o nome de Grupo do Luar, o conjunto surgiu em 1943. No ano seguinte, vence um programa de calouros no rádio e em 1945 recebe o nome que perdura até hoje – com batismo controverso. Eram rapazes tocando “endemoninhados” na terra da garoa, como São Paulo era chamada.

Os primeiros discos são gravados em 1950, e em 1951 o Demônios ganha um concurso carnavalesco com a musica Malvina, de Adoniran Barbosa, compositor que terá sua carreira permanentemente ligada ao grupo. Em 1952, outra vitória no mesmo concurso, agora com Joga a Chave, também de Adoniran.

Quase 80 anos

Em 1953, lá estão os Demônios gravando Mulher Rendeira, tema do filme O Cangaceiro, dirigido por Lima Barreto. E Adoniran participa do longa, como ator. Até hoje há quem acredite que ele fez parte do grupo, o que nunca aconteceu.

Nestas quase oito décadas, o conjunto teve várias formações e entrou para o Guinness, o livro dos recordes, pela sua longevidade. Manteve suas características e tornou-se marca registrada do samba e da canção.

O Demônios publicou mensagem em sua página no Facebook. “É com profunda tristeza e co nossos corações completamente apertados que comunicamos a todos o falecimento do nosso amado irmão #IZAEL ainda sem acreditar que perdemos uma das vozes mais lindas desse pais, um ser humano ímpar e que vai deixar muitas, mas muitas saudades. Obrigado”.

Leia mais: