Arte e luta

‘Somos quilombolas, somos resistência, buscamos Zumbi em Pixinguinha’

Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, músicos do Rio e de São Paulo gravam um “maxixe agueré” de Pixinguinha para enaltecer Zumbi dos Palmares

Domínio Público - Agnes Maria/Reprodução Instagram
Domínio Público - Agnes Maria/Reprodução Instagram
"Preciosidades pretas no Choro" reverenciam a resistência,e celebram África que existe em nós e enaltecem Zumbi dos Palmares e Pixinguinha

:: Nós somos porque muitos vieram antes de nós!::

No meio de uma organização impenetrável, chamada Angola Janga, conhecida como Quilombo dos Palmares, surge o líder quilombola, Zumbi dos Palmares! Fez-se guerreiro em uma sociedade praticamente secreta que perdurou por quase um século, no período colonial brasileiro, localizada na Serra da Barriga, entre Alagoas e Pernambuco.

Morto em 20 de novembro de 1695, conforme contam os registros dos nossos colonizadores, Zumbi, na verdade, vive em nós! Vive em cada pele preta e em cada arranjo musical que se organiza, porque música também é resistência!

Música é instituição sagrada e mesmo que tentem embranquecer o Choro, é nele que encontramos o protagonismo de figuras negras, tais como a de Anacleto de Medeiros e o maestro Pixinguinha, que nasce no final do século 19, na pós-abolição, no ano de 1897. Com sua pele escura, deixa sua marca e constrói uma musicalidade negra que nos afro–referencia.

Em sua sonoridade, divina, graciosa e majestosa, “Pizindim” imprimiu África em seu choro maxixado, trouxe o ritmo sagrado de Iansã, o orixá dos ventos e, com isso, marcou o agueré quebra-louças em suas claves. Presenteou o povo brasileiro com um ritmo negro e sincrético que mostra vida e resistência, mesmo com toda a estrutura social que marginaliza a pele escura.

Somos quilombolas, somos resistência, buscamos Zumbi no Maestro Pixinguinha e essa junção deu origem a esse vídeo, com a música Dando Topada, uma composição de Pixinguinha, que tem seu primeiro registro no ano de 1957.

Aprecie esse maxixe, comandado por essas potencialidades pretas: os cariocas do Trio Júlio – Magno Júlio no reco-reco, Marlon Júlio no violão e Maycon Júlio no bandolim. Com eles estão os paulistanos Henrique Araújo (cavaquinho), Xeina Barros (atabaques), Bira Nascimento (flauta), Allan Abbadia (bombardino) e Tiganá Macedo (agogô).

Preciosidades pretas no Choro, para reverenciar a resistência e celebrar a África que existe em nós!

Valeu Zumbi!

Obrigado, Pixinguinha!

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Assista:


*Agnes Maria é jornalista, estudante de história e integrante dos coletivos Afrontar-se e Kûara