resistência

Ativistas da Casa Cultural Hip Hop Jaçanã denunciam invasão da GCM

Agentes tinham ofício indicando que a Casa Cultural Hip Hop Jaçanã, criada em 2016, ia virar uma base da GCM. Prefeitura diz que espaço permanece na cultura

CCHHJ
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Grupo que organiza a Casa Cultural Hip Hop Jaçanã realiza várias atividades no espaço. Prefeitura diz que vai manter espaço cultural

São Paulo – Ativistas culturais da Casa Cultural Hip Hop Jaçanã, no Tremembé, zona norte da capital paulista, denunciam que agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) arrombaram cadeados e invadiram o local na última quarta-feira (17). O espaço, um antigo telecentro desativado, está ocupado desde 2016 pelo grupo, que realiza diversas atividades culturais e educativas e, em meio à pandemia de coronavírus, serve de ponto de distribuição de cestas básicas para famílias pobres. No local estão equipamentos e materiais usados nas atividades, que estão suspensas por conta da pandemia.

“Há alguns dias saiu no Diário Oficial do Município uma autorização da prefeitura para que aquele terreno, em que a casa cultural está, fosse transferido para a Secretaria de Segurança Urbana, para que assim fosse consolidada uma base da GCM. Eles chegaram no lugar dando uma ‘carteirada’, falando que aquele espaço não seria mais nosso e arrebentaram o cadeado do portão da frente”, relatou Lucas Abreu, educador social e membro da Casa Cultural Hip Hop Jaçanã. O grupo criou uma petição contra o fechamento do espaço.

Segundo Abreu, não houve diálogo com o grupo de ativistas. E com a ação dos guardas civis, o local ficou inseguro, sem trancas no portão principal. No dia seguinte, os agentes voltaram ao local, com um ofício da Subprefeitura do Jaçanã/Tremembé, ao vereador Ricardo Teixeira (DEM), informando a instalação de uma Inspetoria Regional da GCM no local. “Falaram que eles iam ficar rondando aquele espaço, num tom bem de ameaça mesmo. Essa questão do local da Casa Cultural ser uma base da GCM não é nova, isso é uma discussão que vem desde 2019”, explicou.

Mapeamento

O grupo, no entanto, avalia que a ocupação cultural do espaço é importante, pois não há espaços culturais na região. Os ativistas têm buscado a regularização do espaço como casa de cultura e aguardam o resultado do edital de Mapeamento e Credenciamento de Gestão Comunitária de Espaços Públicos Ociosos de São Paulo, iniciado em 6 de março. Foram credenciados e aguardam o retorno da prefeitura.

“Diversos coletivos diferentes exercem atividades no local e todos se colocam contra a instalação dessa base da GCM, pois não haverá ganho para a comunidade em receber mais um local de operação militar e perder um local de educação, cultura e ação social. Já existe uma delegacia a menos de 800 metros do espaço. Na Casa Cultural acontece cine-debate, entrega de leite, capoeira, aula de música, sarau, temos uma biblioteca comunitária. E agora, com essa questão da pandemia, entrega de cesta básica”, justificou Abreu.

Em nota, o governo Bruno Covas (PSDB) informou que o local será mantido como espaço cultural. “A Prefeitura de São Paulo, por intermédio das Secretarias Municipais de Cultura e Segurança Urbana, informa que a Casa de Cultura Hip Hop do Jaçanã, terá sua utilização mantida para fins culturais. A pasta de Segurança Urbana irá reanalisar o processo que previa a instalação de uma inspetoria regional da GCM no local”, diz o documento.


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