Contra o fascismo

‘Artistas estão acordando. Já há resistência’, afirma Pedro Cardoso

Ator criticou a passagem de Regina Duarte pelo governo Bolsonaro. “Esse governo não pode ter nenhum de nós sentado naquela cadeira”

Reprodução/TVT
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"Trabalho numa profissão onde a mulher é muito explorada sexualmente"

São Paulo – Para o ator Pedro Cardoso, a classe artística brasileira se desinteressou pela política nos últimos tempos. Após o ataque do fascismo, representado pela eleição de Jair Bolsonaro, a resistência já é “muito grande”, afirmou. Direto de Lisboa, capital portuguesa, ele foi o convidado desta semana do programa Entre Vistas, da TVT, que foi ao ar nesta quinta-feira (18). De acordo com ele, Bolsonaro é, antes de tudo, um “problema criminal”.

Segundo o ator, toda a sociedade deve se unir em uma frente ampla em defesa da democracia. O limite para participar desse movimento, afirmou, é não ter colaborado com a ascensão do fascismo. Para ele, o governo Bolsonaro é um regime autoritário, que foi construído por dentro da democracia. “Já é uma ditadura em todas as intenções de quem chegou ao poder.”

Regina e o fascismo

Em entrevista ao jornalista Juca Kfouri, ele disse que não deve haver nenhuma negociação da classe artística com o atual governo. Por esse motivo, criticou a breve passagem da atriz Regina Duarte pela secretaria especial da Cultura.

“No momento em que aceita um cargo do fascismo, ela realmente se iguala a eles. Não a conheço pessoalmente para dizer o quanto é uma pessoa boa ou ruim. Mas a sua atitude foi um desastre biográfico, para ela, e um desastre político para todos nós”, diz Pedro Cardoso.

Portugal e machismo

Vivendo em Portugal há 10 anos, o ator diz ter passado por governos de esquerda e de direita, além de crises econômicas. Mas não viu, em nenhum momento, os militares se sentirem no direito de interferir na política. “Aqui, militares não levantam a voz contra o poder civil, em nenhuma hipótese.”

Casado e pai de quatro filhas, ele também afirmou que o governo Bolsonaro inaugura a agressão oficial às mulheres. Para ele, o machismo é a primeira das opressões presentes em todas as sociedades. E deve ser combatido. No seu meio, ele criticou a erotização da mulher, no teatro e na televisão. Citou, por exemplo, o fato de jovens atrizes que são coagidas a fazerem cenas de nudez.

Assista ao Entre Vistas com Pedro Cardoso:

Redação: Tiago Pereira