'Pior presidente da história'

‘Não respeita nem a família dos que votaram em você.’ MC usa a poesia para questionar Bolsonaro

Postura do presidente diante da pandemia inspirou Lucas Afonso, que teve seus versos ‘viralizados’ nas redes sociais

Reprodução/Youtube
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Através de versos afiados, MC Lucas Afonso lembra das afirmações de Bolsonaro, em que tratou a pandemia do coronavírus como 'um resfriado'

São Paulo – A falta de cuidado com a vida e as declarações desrespeitosas do presidente Jair Bolsonaro inspiraram o MC Lucas Afonso a escrever a poesia O Brasil Não Pode Parar. Por meio de versos afiados, o artista lembra das afirmações de Bolsonaro tratando a pandemia do coronavírus como “gripezinha” ou “um resfriado”.

Seu papo de patriota já não cola / No meio de uma pandemia seu conselho é abrir escola? “É só uma gripezinha, tudo bem uns falecer”/ Não respeita nem a família dos que votaram em você“, recita.

A poesia do artista, lançada em abril, repercutiu nas redes sociais e foi compartilhada por milhares de pessoas. Segundo ele, o papel de conscientizar a população foi cumprido. “Quando vejo a minha poesia dialogando com muitas pessoas fora da bolha, recebendo mensagens até de eleitores de Bolsonaro, fico satisfeito. Estou dialogando com que precisa”, disse em entrevista a Marilu Cabañas e Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

A poesia também remete à resistência não só no atual cenário político como também contra a pandemia. “Mas tudo isso vai passar e, em breve, só memória / Tanto o vírus quanto o pior presidente da história“, canta Lucas (ouça a poesia no áudio abaixo).

Cotidiano do artista

Lucas é um dos poetas que se apresentam nos slams de rimas, que tiveram de parar as apresentações por causa do isolamento social. Além disso, o MC é educador e autor do livro de poesia A última folha do caderno (2019).

Ele afirma que busca, por meio de seu trabalho, exercer uma função social, principalmente no momento de pandemia, onde busca inspiração. “Essa realidade foi um baque para minha vida profissional, Porém, eu junto esse baque às ações do presidente, que está jogando no time da pandemia, para criar versos.”

O MC conta que, com a desvalorização dos artistas no atual governo, teve que recorrer a novas formas de sobreviver. “Uma semana antes do primeiro caso do coronavírus, mandei imprimir 500 livros. De repente, me vi numa situação que não poderia vendê-los mais na rua. A categoria dos artistas tem que se reinventar e lancei o e-book, que foi um passo novo na carreira”, acrescenta.

Depois da pandemia, Lucas espera que a arte seja valorizada como precisa. “Sempre tratavam a cultura como algo em segundo plano, mas no isolamento social fica nítido que não é. A quarentena sem um filme, uma live musical, fica muito pior. Hoje, vejo a arte como uma promoção de saúde, por isso é preciso políticas públicas para fomentar os artistas de alguma forma.”

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