Carnaval 2020

São Clemente satiriza Bolsonaro. Mocidade homenageia Elza Soares

Com Marcelo Adnet, humor marca desfile da escola de Botafogo, repleto de críticas a políticos e malandros. Luta contra opressão machista também foi destaque na noite. Beija-Flor se credencia para mais um título

© Dhavid Normando e Raphael David / Riotur
© Dhavid Normando e Raphael David / Riotur
Marcelo Adnet como Bolsonaro, Pinóquio verde e amarelo num carro laranja: São Clemente satiriza o "malando" brasileiro. Na Mocidade, destaque para Elza Soares, num desfile contra o machismo

São Paulo – No segundo dia de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro do Carnaval 2020, em que críticas políticas e sociais tiveram menos destaque que no dia anterior, a São Clemente usou o humor para abordar temas como fake news e corrupção, na madrugada desta terça-feira (25).

O humorista Marcelo Adnet, coautor do samba-enredo cantado pela escola, “O Conto do Vigário”, desfilou em um dos carros alegóricos imitando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em tom de deboche. O artista chegou a imitar Bolsonaro fazendo flexões de braço e poses de arma com as mãos.

Com fantasias de cor laranja, a bateria da São Clemente fez uma referência às candidaturas falsas promovidas pelo PSL, ex-partido do presidente, um esquema para desviar recursos públicos do fundo eleitoral, em 2018.

Em um dos trechos do samba, a escola abordou as notícias falsas, que desde as eleições presidenciais viraram grande parte do conteúdo em circulação nas redes sociais do país: “Brasil compartilhou, viralizou, nem viu! E o País inteiro assim sambou. Caiu na fake news!”.

O desfile também criticou o “jeitinho brasileiro”, citando malandro vendendo terreno na Lua.

Elza Soares presente

A Mocidade Independente de Padre Miguel trouxe temas como machismo e racismo e homenageou a cantora Elza Soares, que foi compareceu pessoalmente ao desfile, ocupando o destaque do último carro alegórico da escola. O púlbico acompanhou o samba, puxado também por várias vozes femininas e que dizia “é sua voz que amordaça a opressão.

Circo, Brasília e outros temas

Abrindo as atrações da noite, a Unidos de Vila Isabel apresentou uma versão mística para a criação de Brasília, que completa 60 anos em 2020. Além de mostrar sua interpretação para a lenda segundo a qual a cidade teria sido criada a partir da visão de um menino indígena, a escola também homenageouos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.

Com o samba-enredo “O Rei Negro do Picadeiro”, a Acadêmicos do Salgueiro homenageou Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, que faria 150 anos em 2020. Baseado no universo circense, o desfile destacou a importância dos negros para a cultura nacional, trazendo em seus carros artistas como Negra Li, Ailton Graça e Hélio de La Peña.

A Beija-Flor, fechou a noite com um desfile considerado tecnicamente perfeito e se colocou entre as favoritas para o título deste ano. Numa abordagem “tradicional”, o enredo escolhido foi “Se essa rua fosse minha”, sobre caminhos percorridos pelo homem por meio de lendas e mitos sobre estradas, vias e ruas, até desembocar na avenida Marquês de Sapucaí, palco maior do carnaval carioca.

Numa apresentação que passou sem brilho, a Unidos da Tijuca cantou sobre arquitetura e compôs a programação da segunda noite de desfiles das principais escolas de samba do Rio de Janeiro.

A campeã será conhecida nesta quarta-feira de Cinzas .


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