Na Berlinale

Filme sobre meninas skatistas da periferia de São Paulo estreia no Festival de Berlim

Numa das mais importantes competições de cinema do mundo, longa “Meu Nome é Badgá” fala sobre situações cotidianas de uma jovem que, na pista e na vida, encara o machismo e descobre a resistência das mulheres

Divulgação
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Filme fará parte da mostra Generation, voltada às produções que tratam sobre as juventudes

São Paulo – O cotidiano de uma jovem skatista e moradora da Freguesia do Ó, na zona noroeste da cidade de São Paulo, ganha as telas a partir desta quinta-feira (20) na Alemanha, onde faz sua pré-estreia mundial no Festival de Berlim. Em uma das mais importantes competições de cinema internacional, o longa-metragem Meu Nome é Bagdá abre um debate quanto à presença da modalidade esportiva nas periferias paulistanas e da participação das mulheres, por vezes ainda invisibilizada pelo machismo.

No filme, Badgá tem 17 anos e faz do esporte seu estilo de vida ao lado de um grupo de meninos, seus amigos, ao mesmo tempo em que cresce com uma família formada por mulheres fortes. As duas faces de sua vida parecem opostas, até que a jovem conhece um grupo de meninas skatistas, o que transforma seu cotidiano.

Caru Alves de Souza, cineasta e diretora do filme, explica que essa construção dessa história foi feita de forma conjunta com os jovens, refletindo sobre os embates provocados pelo machismo e a resistência das mulheres. “Essa convivência com as mulheres reflete muito na maneira como ela (Bagdá) se defende das opressões que vive. Foi isso que eu quis construir no filme, sobre como ter essa referência é importante e falar também da criação de espaços de afeto e solidariedade entre as mulheres, que é importante para formar pessoas com espírito crítico, que conseguem conviver dentro da diversidade”, explica a cineasta aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

O filme estreia na mostra Generation, dedicada a retratar a juventude. O momento ainda é oportuno, de acordo com Caru, para passar um recado ao presidente Jair Bolsonaro. “No filme, basicamente, estão personagens atacados pelo presidente. Mulheres, negros, periféricos, cultura, música, skate, cultura de rua, tudo o que ele não gosta. Acaba sendo uma resistência, porque sempre de certa maneira estivemos nesse lugar, mas principalmente agora”, destaca.