Para o final de semana

Filme sobre acidente nuclear em Fukushima é exibido em São Paulo

Exibição da obra cinematográfica ocorre neste sábado (5), às 17h, no CineSesc, no centro da capital paulista. Evento aberto ao público será seguido por debate

TVT/Reprodução
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Mais de 160.000 pessoas foram forçadas a deixar a região depois do acidente em usina

São Paulo – O produtor-executivo do filme Fukushima – 5 dias decisivos, Tamiyoshi Tachibana, veio ao Brasil para divulgar a obra que reconta os dias que se sucederam ao terremoto de magnitude 9 e um tsunami de 15 metros que causaram um das piores crises nucleares da história do Japão e do mundo, o acidente nuclear em Fukushima. O evento de lançamento ocorre neste sábado (5), às 17h, no CineSesc da Rua Augusta, 2075, na região central da capital paulista, e será ainda seguido por debate após a exibição.

A obra, que mistura diversos gêneros cinematográficos, mostra ainda a postura do governo frente ao desastre, comandado à época pelo primeiro-ministro Naoto Kan. Até ali, era um incentivador da construção de usinas nucleares, hoje, tornou-se um ativista contra esse tipo de matriz energética. “Depois que ele viu a situação, mudou de lado”,  comenta o integrante da  Comissão Brasileira de Justiça e Paz, cofundador do Fórum Social Mundial e apoiador de causas ambientais e movimentos sociais, Chico Whitaker, que está à frente da divulgação do filme no Brasil.

Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Whitaker comenta da contemporaneidade da obra diante do governo de Jair Bolsonaro, que fala na reprodução de usinas nucleares no Brasil a despeito dos riscos contidos na proposta. Só no acidente de Fukushima, em março de 2011, que desativou o sistema elétrico da usina, por exemplo, três dos seis reatores foram derretidos e mais de 160 mil pessoas foram forçadas a deixar a região.

O risco fica agora a cargo da construção de uma terceira usina em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, o que o ativista chama de “monstro adormecido”. “É isso que o pessoal  precisa tomar consciência.  A usina está lá, bonitinha, pintada, branquinha, ele (Bolsonaro) quer ainda construir um outro monstro adormecido ao lado, a Usina Angra 3, mas aquilo é um monstro que de repente acorda, e nunca se sabe quando ou como. E, se acordar, ninguém mais segura, é um monstro que vai começar a destruir”, alerta Whitaker, acrescentando que a nova unidade pode ser estruturada com base no mesmo projeto das usinas anteriores, desconsiderando as recomendações da Agência Internacional de Energia Atômica. “Falta informação. Eles têm muito poder de informação, para fazer propaganda de energia nuclear ‘é a mais limpa, mais segura, mais barata’… Uma mentira total, as três são mentiras”, destaca.

No lançamento da obra cinematográfica pelo Brasil, um dos primeiros lugares escolhidos pelo produtor-executivo para a divulgação foi em Recife, onde a população local, principalmente indígena, se mobiliza contra a ofensiva federal pela construção de usinas na região.

Whitaker destaca que toda a preocupação não é à toa, nem mesmo leva em conta apenas o risco de acidente, mas também o passivo ambiental deixado por esse tipo de material, como na cidade de Caldas, em Minas Gerais, que convive com uma barragem de rejeitos e um lixão com minerais radioativos há mais de 20 anos. “A população não tem a menor ideia do perigo que está correndo. Para o pessoal de lá que tem consciência disso, a grande preocupação é criar a consciência local de que há um risco e que é preciso enfrentar e resolvê-lo”, reflete. Whitaker espera que o filme amplie esse debate no Brasil.

Os ingressos para conferir Fukushima – 5 dias decisivos serão distribuídos uma hora antes da exibição.

Assista à entrevista da Rádio Brasil Atual