Dedo na ferida

Com textos de Bertold Brecht, peça “Os Um e Os Outros” aborda resistência dos povos tradicionais

Espetáculo com canto, dança e vídeos, em cartaz no Sesc Pompeia, proporciona reflexão sobre realidade dos índios no Brasil

Cacá Bernardes
Cacá Bernardes
“A peça informa, faz refletir e, ao mesmo tempo, traz uma nova percepção de mundo”, afirma a atriz Gisele Calazan

São Paulo — Um povo rico e poderoso esgota suas riquezas naturais e passa então a olhar para as terras preservadas de povos vizinhos, querendo invadi-las. Esse é o roteiro da peça de teatro Os Um e Os Outros, da Cia Livre, em cartaz de quinta a domingo, no Sesc Pompeia, em São Paulo. O espetáculo é inspirado no texto Os Horácios e Os Curiácios, de Bertold Brecht, escrito em 1933, porém, bem atual.

“A peça é uma opereta musical, com dança e cantos. É uma peça com muito coral e também com projeções de vídeo, tem quatro telões enormes. É uma peça bem diferente”, explica Roberto Alencar, bailarino e ator, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

No espetáculo, o texto original de Brecht é sobreposto por vídeos, documentos e mensagens de povos indígenas, sobre sua resistência. A peça conta com a participação de quatro convidados guaranis, uma experiência que, destaca Alencar, tem enriquecido o trabalho dos atores. “A gente se surpreende o tempo todo com eles, ouvindo as histórias. A gente conhece muito pouco sobre os povos originários.”

Para o ator, o espetáculo proporciona uma importante reflexão sobre a conjuntura brasileira. “Não dá nenhuma resposta pronta sobre nada, mas está refletindo sobre o nosso momento atual. Todos os documentos que usamos são de 2018 e 2019. É um espetáculo rico, tanto na linguagem quanto na temática.”

Gisele Calazan, atriz e também bailarina, destaca o teor de resistência dos povos originários mostrado na peça, que conta com a parceria da Cia Oito Nova Dança, que há anos pesquisa esse tema. “A peça informa, faz refletir e, ao mesmo tempo, traz uma nova percepção de mundo”, afirma, reforçando que o resultado é uma linguagem que transita pela dança, o teatro e a música.

A atriz também pontua que, ao longo da montagem do espetáculo, tiveram “sempre por perto” representantes e lideranças indígenas. “É um peça feita muito coletivamente, com esse olhar de diferentes etnias”, explica.

Acompanhe a entrevista completa

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