resistência é arte

Manifestação no Rio defende Ancine e protesta contra a censura

Trabalhadores do audiovisual protestam contra paralisações de produções, editais suspensos e a ataque do governo Bolsonaro

TVT/REPRODUÇÃO
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Cortes no orçamento, ameaça de mudança da sede, suspensão de apoios dados a filmes com a temática LBGTI: esses são alguns exemplos de ataque à Ancine

São Paulo – Cortes no orçamento, ameaça de mudança da sede, suspensão de apoios dados a filmes com temática LBGTI. Esses são alguns exemplos de ataques do governo Bolsonaro à Agência Nacional de Cinema (Ancine), que provocaram um protesto em frente à sede da agência, no centro do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (18). De acordo com artistas, diretores e produtores presentes ao ato, o momento é obscuro e o futuro do audiovisual nacional, incerto. “Hoje, a gente vive esse momento de tensão, ninguém sabe direito o que está acontecendo, apesar de seguirmos todas as instruções normativas da agência. É um momento de retrocesso”, afirmou a produtora-executiva Paula Lagoeiro, em entrevista à repórter Viviane Nascimento, da TVT.

Centenas de produções estão atualmente paralisadas, editais suspensos, o diretor-presidente afastado e várias obras já acabadas estão sob censura. A situação assusta quem vive do setor. “Eu, como diretor de cinema, abomino qualquer forma de censura. Quando era pequeno, assistia o desenho d’Os Flintstones e tinha certificado de censura. Nenhuma indústria eficiente de audiovisual, em nenhum lugar do mundo, funciona com censura, por que o Brasil vai ser diferente?”, questiona o cineasta Douglas Duarte.

O governo também ameaça transferir a sede da agência para Brasília. Os manifestantes distribuíram flores em apoio aos trabalhadores da Ancine, que possui um corpo técnico de quase 400 funcionários. “Nós já trabalhamos há 18 anos aqui, as pessoas têm suas raízes criadas aqui. Qual o sentido de se gastar milhões de reais com a transferência de uma agência paralisando todo o setor? O motivo de levar a Brasília é impor filtros à agência”, lamentou Rafael dos Santos, especialista em regulação da Ancine.

A indústria do audiovisual brasileiro movimenta cerca de R$ 20 bilhões anualmente e ocupa mais de meio milhão de pessoas, entre empregos diretos e indiretos. As consequências sociais e econômicas do desmantelamento do setor são avaliadas como desastrosas. “Nós somos uma indústria e ela gera trabalho, recursos e dinheiro. São muitos empregos, então a única coisa que pedimos é: fica, Ancine. Nós queremos trabalhar, nós queremos continuar levando o pão de cada dia para nossa casa e nossa arte mundo afora”, acrescentou Paulão Costa, diretor de produção.

Recentemente, a agência suspendeu o termo de permissão que dava a cada um dos produtores dos filmes Greta e Negrum3 uma ajuda de custo de R$ 4,6 mil, com o objetivo de que os filmes participassem do Festival Internacional de Cinema Queer, em Lisboa.

Na semana passada, os produtores do filme Marighella também anunciaram complicações com a Ancine. Dirigido por Wagner Moura, o longa estrearia em 20 de novembro nas telas brasileiras, mas decisões da agência fizeram a data ser, por enquanto, cancelada, sem previsão de nova agenda.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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