Dedo na ferida

Com ritmos da África às Américas, Senzala Hi-Tech lança álbum dançante e com tom crítico

Samba, reggae e ritmos africanos e latinos se misturam no primeiro disco da banda paulistana

Divulgação
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Senzala Hi Tech lança "Represença", primeiro álbum da banda, com temas de questionamento político e social

São Paulo — O programa Hora do Rango abre a semana recebendo, a partir do meio-dia, no estúdio da Rádio Brasil Atual, a banda Senzala Hi Tech. O grupo acaba de lançar o primeiro álbum, Represença, em que reforça a união do rap com a cultura afro-brasileira. Com forte questionamento político e social, a liberdade sonora e o tom crítico nas letras são as principais marcas do disco. A Senzala Hi Tech é composta por Diogo Silva (vocalista e compositor), MC Sombra (vocalista e compositor), Minari (produtor musical) e Junião (percussionista).

Com bases no rap futurista mescladas ao dub, samba, reggae e sons da África às Américas, o álbum apresenta uma música brasileira leve e dançante. “A ideia é unir esses ritmos e trazer um som novo, sem deixar de lado as nossas ideias e o que acreditamos. Vejo o Senzala não só como uma banda, mas como um instrumento de luta e comunicação em busca de equidade em um mundo cada vez mais injusto”, afirma Minari. “Tentamos trazer pra discussão não só a luta do povo preto, mas de todas as minorias que juntas se tornam maioria. Essa busca por união e vontade de quebrar paradigmas me mantém instigado a fazer parte desse projeto.”

O álbum Represença tem oito faixas, quatro inéditas e as demais já divulgadas desde 2018: Chá das Cinco, Bozolândia, Mercadores da Meia-Noite e Terra da Pilantragem. As músicas falam da violência como geração de lucro, a conjuntura política nacional e a liberdade do corpo.

“As letras nos remetem a como agimos a determinadas informações e como somos frágeis para interpretá-las. Entender que a corrupção é ambidestra, não tem lado e é mais antiga que o Brasil. É necessário que o país seja violento para que alguém possa vender segurança e é sobre isso que falamos: práticas antigas que ganham novas roupagens com novos personagens”, explica Diogo Silva.

“O Senzala é o resgate dos valores do homem negro com menos acesso dentro da sociedade, como a falta de acesso a formação educacional e adentrar ao ramo de trabalho mesmo depois de uma formação acadêmica. É a continuidade das nossas ancestralidades nas músicas afroculturalmente falando”, pondera o MC Sombra.

Na linha de frente com a percussão, mas também responsável pelas artes do grupo, Junião conta que a banda vai além da mistura das batidas do hip hop com os ritmos herdados de diferentes povos. “Queremos unir afrobrasilidades e afrolatinidades, somar a sonoridade e a história do jongo, do coco e do maracatu às sonoridades da salsa, do dub, do funk, da música árabe, do samba e do que mais tiver a ver com a gente. Sempre absorvendo influências desse caldeirão de culturas que é a cidade de São Paulo”, diz.

O programa

Hora do Rango, apresentado por Colibri Vitta e premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), recebe ao vivo, de segunda a sexta-feira, ao meio-dia, sempre um convidado diferente com algo de novo, inusitado ou histórico para dizer e cantar. Os melhores momentos da semana são compilados e reapresentados aos sábados e domingos, no mesmo horário.