Até 12 de junho

Com 133 filmes, de 32 países, São Paulo recebe mostra de cinema socioambiental

Em sua oitava edição, Mostra Ecofalante de Cinema, o mais importante evento sobre o tema na América do Sul, terá exibições em 40 espaços da capital paulista

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"O fio da meada", último filme de Silvio Tendler, mostra a luta de povos tradicionais brasileiros em defesa de suas reservas naturais contra a urbanização opressora

São Paulo — Aberta no último dia 30 de maio, a 8ª Mostra Ecofalante de Cinema está em cartaz na capital paulista até o dia 12 de junho, sendo considerado o mais importante evento audiovisual dedicado ao tema socioambiental da América do Sul. No total, serão exibidos 133 filmes, de 32 países. A mostra celebra a Semana Nacional do Meio Ambiente e o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorados no dia 5 de junho. Todas as atividades são gratuitas, com ingressos distribuídos uma hora antes.

Em 2019, o circuito de exibição foi ampliado e as sessões ocorrem na salas Reserva Cultural, Espaço Itaú de Cinema/Augusta, Centro Cultural Banco do Brasil, Circuito Spcine, Centro Cultural São Paulo e Cine Olido, além de espaços em Cidade Tiradentes, 14 unidades dos CEUs,  Sesc Campo Limpo, Fábricas de Cultura, Casas de Cultura, e Centros Culturais da Prefeitura, totalizando 40 espaços, além de estar presente na plataforma digital Spcine Play.

“São filmes que debatem temas atuais, trazendo visões diferentes do mundo inteiro e questões que estão na pauta do dia”, explica Liciane Mamede, da produção e curadoria do Panorama Histórico da Mostra, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

“A Crise das Utopias e o Cinema Militante Pós-68” é o tema do Panorama Histórico deste ano e traz obras-primas assinadas por diretores como a franco-belga Agnès Varda, o italiano Michelangelo Antonioni, o francês Chris Marker, os norte-americanos Frederick Wiseman e Robert Kramer e o brasileiro Glauber Rocha, entre outros. 

A seleção reflete sobre o mundo e a sociedade que se seguiram à grande efervescência cultural dos anos de 1960 e 1970, um período importante na luta pelos direitos civis. Neste panorama, Liciane Mamede cita como destaques os filmes Os tempos de Harvey Milk, Angela Davis – o retrato de uma revolucionária, e Zabriskie Point, do diretor italiano Michelângelo Antonioni,  sobre o contexto cultural da época. 

Outras obras importantes na programação do Panorama Histórico são Uma Canta, a Outra Não, obra militante e um musical feminista; Corações e Mentes; O Leão de Sete Cabeças, de Glauber Rocha, que se passa num país africano fictício; e O Fundo do Ar é Vermelho, um balanço das utopias daquele que foi um século de luta e resistência, o século 20.

A retrospectiva traz ainda em primeira mão a versão restaurada do clássico de Guy Debord, A Sociedade do Espetáculo e ainda a versão restaurada pelo Instituto Arsenal da Alemanha do filme de Ruy Guerra, Mueda, Memória e Massacre, filmado em Moçambique, no momento da independência do país africano. Abrigo Nuclear, de Roberto Pires, será igualmente exibido em cópia restaurada e também faz parte da programação.

Brasil

Liciane Mamede também destaca os filmes selecionados para o programa “Brasil Manifesto”, que apresenta obras recentes de diretores brasileiros renomado, como Orlando Senna e seu novo filme Idade da água; Frans Krajcberg: Manifesto, da realizadora Regina Jehá; o inédito O Amigo do Rei, de André D’Elia, (diretor de Ser Tão Velho Cerrado, vencedor em 2018 do prêmio de público da Mostra Ecofalante); e o longa-metragem, assinado por André di Mauro, Humberto Mauro, uma homenagem ao importante realizador pioneiro, assim como também o filme Amazônia, o Despertar da Florestania da atriz Christiane Torloni e do cineasta Miguel Przewodowski.

Cineasta homenageado

Silvio Tendler é o diretor homenageado pela 8ª Mostra Ecofalante de Cinema. Ao todo, 11 trabalhos do brasileiro serão exibidos na Mostra, incluindo o último – O fio da meada –, que aponta alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis. “O Silvio Tendler tem uma carreira bastante longa, um diretor super engajado. Já faz alguns anos que ele vem dedicando filmes sobre temas muito caros à Mostra”, afirma Liciane Mamede. 

De Silvio Tendler, o público poderá assistir obras de referência, como Os Anos JK – Uma Trajetória Política (1980) e Jango (1984), duas das maiores bilheterias do cinema documental brasileiro de todos os tempos. A programação inclui ainda Dedo na Ferida, vencedor da 7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental na categoria ‘Longas’ da Competição Latino-Americana, e O Veneno Está na Mesa e O Veneno Está na Mesa 2. Estão na programação, entre outros, Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá e Glauber o Filme, Labirinto do Brasil.

Os debates do Panorama Histórico acontecem entre os dias 7 e 9 de junho. No dia 8, no Reserva Cultural, o público poderá bater um papo com Silvio Tendler.

O panorama competitivo da mostra é o Latino Americano, com filmes de diretores da atualidade. Até o dia 12 de junho, ainda ocorre o concurso Curta Ecofalante, que reúne 13 títulos, com trabalhos produzidos em todas as regiões do país. A “Sessão Infantil” traz cinco curta-metragens exibidos em importantes festivais internacionais, enquanto a nova sessão “Realidade Virtual” exibe projetos que usam essa tecnologia para expandir os limites da linguagem audiovisual.

Além de Liciane Mamede, o estúdio da Rádio Brasil Atual também recebeu Carlos Juliano e Cauê Angeli, diretores do filme GIG – A Uberização do Trabalho.

Ouça as entrevistas na íntegra

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