Nesta quinta-feira

Nilmário Miranda lança livro de memórias e defende compromisso com a verdade

'Histórias que vivi na História', livro do ex-ministro dos Direitos Humanos, será lançado nesta quinta-feira (28) em São Paulo

Arquivo/EBC

‘Na véspera do dia 31 de março, é importante que quem teve essa vivência, a conte sem mentira’, diz Nilmário

São Paulo — Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determina às Forças Armadas celebrarem o dia 31 de março, data que marca o golpe de 1964, o ex-ministro dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, lança seu livro de memórias, que passa justamente pelos 21 anos de ditadura civil-militar (1964-1985). Histórias que vivi na História será lançado em São Paulo nesta quinta-feira (28), no bar Sabiá, localizado na Rua Purpurina, 370, no bairro de Pinheiros, a partir das 19h. 

Com 71 anos de idade, sendo 56 anos de memórias de militância política, o autor dividiu o livro em nove períodos, relembrando sua participação em cada um dos momentos políticos escolhidos, começando por sua atuação na cidade mineira de Teófilo Otoni e entrando nos golpes dos anos de 1960. 

“Eu comparo o golpe de 1961 com uma reação popular forte, liderada pelo (Leonel) Brizola, quando tentaram impedir a posse constitucional do João Goulart depois da renúncia de Jânio Quadros, e o golpe de 1964. Toda vez que os trabalhadores e o pessoal do campo, os jovens, se rebelam e lutam por direitos, há um golpe no país”, afirma Nilmário Miranda, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual. 

Nascido em Teófilo Otoni, interior de Minas Gerais, Nilmário recorda no livro sua mudança para Belo Horizonte, os tempos na universidade, conta como foi o enfrentamento da ditadura, período em que foi preso duas vezes — a primeira em 1968 e a segunda, em 1972, já sob “a égide da tortura”, em São Paulo. Para ele, o pior período foi a época do Ato Institucional n˚ 5 (o AI-5), que define como “terror de Estado”.  

“Estamos na véspera do dia 31 de março. Então, é importante que quem teve essa vivência possa contá-la de uma forma bem transparente, sem mentira. Temos que ter um compromisso com a verdade, com a memória, porque sem isso não tem como mudar. E quem está no poder e se beneficia dele para manter um sistema de desigualdade, não quer a verdade nunca, ou conta a história deturpada ou quer esquecer o passado”, analisa o ex-ministro.

Ouça a entrevista na íntegra