Samba-enredo da Mangueira homenageia Marielle e Dandara
Com o tema 'História pra ninar gente grande', a escola de samba carioca levará à Marquês de Sapucaí um olhar diferenciado sobre a história do Brasil
Publicado 12/11/2018 - 11h19
São Paulo – “Brasil, chegou a fez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês“, assim cantará a Estação Primeira de Mangueira no seu samba-enredo do Carnaval de 2019, que vai homenagear, entre outras, a vereadora do Psol-RJ Marielle Franco, morta a tiros, em março passado, junto com Anderson Gomes, que dirigia o carro em que foram emboscados, no centro do Rio.
Com o tema “História pra ninar gente grande”, a escola anuncia que levará à Marquês de Sapucaí um olhar diferenciado sobre a história do Brasil, representando o lado do Brasil dominado, e não “descoberto”, preterido pela narrativa tradicional.
“Ao propagar o mito do povo pacífico, ensinando que as conquistas são fruto da concessão de uma ‘princesa’ e não do resultado de muitas lutas, conta-se uma história na qual as páginas escolhidas o ninam na infância para que, quando gente grande, você continue em sono profundo”, diz, em sinopse, o site da escola
O samba-enredo para o desfile da “verde e rosa”, como é conhecida a Mangueira, foi definido em outubro e é uma obra coletiva de autoria de Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino.
Confira a letra:
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
Tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Do Brasil que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa as multidões
Assista: