sem entregar os pontos

Cine Birita chega ao Rio de Janeiro com expressões de arte e resistência

A mostra que exibe curtas-metragens da produção nacional é realizada pela primeira vez na capital fluminense. Serão apresentados hoje seis filmes em uma pizzaria nos Arcos da Lapa

divulgação

Cineastas e entusiastas aliam-se a bares para dar vazão à produção audiovisual brasileira

São Paulo – O projeto Cine Birita vem se consolidando nas últimas semanas como um espaço de diversão, diversidade e resistência democrática. Cineastas e entusiastas desta arte se aliam com bares para dar vazão à ampla e plural produção audiovisual brasileira. Hoje (2) será realizada a quinta edição, primeira fora de São Paulo. A pizzaria La Carmelita, no bairro carioca da Lapa, será sede do evento.

“Após quatro edições em São Paulo, o Cine Birita realizará sua primeira edição no Rio de Janeiro. A mostra, que realiza exibição de curtas-metragens em diversos bares, terá seis curtas na programação”, informa a organização. Entre eles, destaque para Lua, dirigido por Rosa Miranda, que traz a temática LGBT para as telas.

Ela conta que seu cinema é militante e defende a necessidade de apresentar o universo LGBT sem pré-julgamentos, ou estereótipos. “Faço arte e não acredito que arte é pela arte. Ela é sim política e é sim didática. É importante termos esses corpos que sempre foram negligenciados, colocados à margem, no primeiro plano. Os LGBTs sempre trazem uma temática, uma vivência, uma experiência na tela, como algo de violência, dor, sofrimento. Quero desfazer essa proposta. Conheço gays, lésbicas, bis e trans que são muito felizes. Quero mostrar essa alegria, essa normalidade dos corpos, colocar como normal porque são normais.”

“A espetacularização está nos olhos de quem vê e de quem coloca esses corpos na segregação de um nicho, quando são todos pessoas que devem ser respeitadas”, completa. A ascensão do ultraconservadorismo, que teve como expoente a eleição de um político de extrema-direita para a presidência do Brasil complica ainda mais o cenário. “O desafio, dentro do contexto político que estamos vivendo, é bem complicado e sempre vai entrar como militância de sobrevivência. É militância. Os desafios são cada vez maiores porque com certeza não vamos ter mais a liberdade, dependendo dos rumos do país”, diz.

Danilo Motta, um dos organizadores, reafirma o posicionamento da cineasta de que “cinema e arte de forma em geral sempre é resistência”. “Por isso, incluímos nesta edição filmes de mulheres, de periferia, de LGBT, e outros, porque dar visibilidade a grupos que podem ficar ainda mais vulneráveis no próximo governo é também uma forma de resistência. Isso se potencializa se levarmos em conta a conjuntura do Rio de Janeiro – o governador eleito já declarou que ‘a polícia vai mirar na cabecinha e fogo’. Grupos historicamente estigmatizados tendem a ser ainda mais vitimados por uma política higienista, que, em última análise, criminaliza a pobreza.”

Serviço

A primeira edição do Cine Birita no Rio será realizada amanhã na pizzaria La Carmelita, na Rua do Resende, 14, na Lapa. O local abre às 19h e as exibições começam a partir das 20h30. Após os filmes, o local ainda será sede da festa “Ih! Finei! Bye Bye, democracia“, “para maior interação da galera que tá disposta a não entregar os pontos”, diz Danilo. 

Os filmes exibidos serão:

Escolhas – dir. Ivan Willing – Nos anos 1940, mãe e filha têm suas vidas transformadas após impactantes segredos serem revelados.

Lua – dir. Rosa Miranda – Documentário onírico sobre as vivências de infância e o momento de sua transição de gênero de Lua Guerreiro, trans, não binária que se expressa pelo que é considerado feminino.

Match – dir. Raquel Freire – Duas pessoas desconhecidas sentam no banco de uma praça. Uma conexão é estabelecida entre elas no silêncio de seus app’s.

Muros – dir. Ygor Pinheiro e Natália Freitas – Em um futuro distópico, as favelas da cidade do Rio de Janeiro são separadas do resto do município por muros. Vivendo nesse contexto, são retratados os cotidianos de Leléu e Ariel, dois jovens que vivem “separados” por causa dos lugares onde moram.

Quaresma – dir. Adriano Gomez – É o primeiro curta-metragem de uma série sobre lendas passadas durante as semanas da quaresma. O personagem de Tião, um velho roceiro, conta essas lendas para a sua filha.

Voyeur – Túlio Queiroz – Em mais um dia de sua rotina, José começa a perceber coisas estranhas acontecendo. Sua Jornada o leva a um encontro inusitado que o faz desconfiar de tudo e de todos, resultando em uma intensa perseguição que atinge o “próprio filme”.

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