Lançamento

Vida, luta, resistência e solidariedade na Palestina são temas de livro

'Palestina, Um Olhar Além da Ocupação', de Nilton Bobato e Paulo Porto, foi escrito depois de viagem de seis dias feita por uma delegação brasileira ao país ocupado por Israel

Paulo Porto/Reprodução

Hussein Daoud Treib Zaid, líder da comunidade beduína de Jericó, em foto de Paulo Porto

São Paulo – Entre os dias 14 e 20 de novembro de 2015, três brasileiros viajaram rumo à Palestina para uma missão de solidariedade. Para a delegação brasileira formada pelo atual vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Nilton Bobato, pelo vereador na cidade de Cascavel, Paulo Porto e pelo presidente da Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e diretor de Assuntos Internacionais do Município, Jihad Abu Ali, bastaram seis dias para que sentissem na pele alguns dos dramas de um povo que luta há sete décadas pela soberania de seu país.

O relato desta breve e intensa viagem virou o livroPalestina, Um Olhar Além da Ocupação (Editora Limiar, R$ 35), que será lançado em São Paulo nesta terça-feira (3), às 19hs, na Mesquita Brasil, com a presença dos autores. Com texto de Nilton Bobato e fotos de Paulo Porto, a obra não documenta apenas aspectos ligados à ocupação, à opressão e ao sofrimento daquele povo, mas também a vida normal, o dia a dia que exibe sorrisos, bondade, dignidade e solidariedade no país.

Repetir somente a história dos já conhecidos dramas políticos, pessoais e todas as atrocidades a que são submetidos a Palestina e seu povo pelo governo sionista de Israel, não era o objetivo, nem da viagem, nem do livro. Queríamos também falar da gente palestina, do seu dia a dia, do que vimos além da ocupação e com isso possibilitar a visão de que na Palestina tem pessoas que vivem, lutam, que são solidárias, que estudam, trabalham e organizam suas vidas para conviver e lutar contra esta atrocidade que se prolonga por impensáveis 70 anos”, escreve Bobato em Notas do Autor.

No entanto, o livro começa já com a dificuldade que Jihad Ali, um brasileiro filho de palestino, teve para passar pela alfândega. Com nome e biotipo árabes, Ali ficou retido na entrada e na saída da Palestina, enquanto Porto, de traços europeus, passou sem qualquer dificuldade.

No prólogo, Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil, afirma que o livro possibilita que o leitor conheça de fato como é a vida em seu país. “Em narrativa vibrante, o que aqui se lê permite conhecer a vida de um palestino na própria carne, pois é isso o que vive um dos viajantes, Nilton Bobato, por ter características físicas “árabes”. Ao ser “arabizado” por seus traços, o que implica em ter sido “palestinizado”, Bobato passou a viver a ocupação na pele. E, em sentido contrário, Paulo Porto viveu a ocupação ao ser prontamente liberado pelos agentes fronteiriços israelenses por suas características físicas ‘europeias ou ‘ocidentais’. Afinal, a ocupação sempre tem dois lados, duas facetas, que exprimem oprimidos e opressores, ocupados e ocupantes, e esses têm, ainda que apenas mítica ou ideologicamente, características físicas diversas.”

O autor denomina a situação palestina como um verdadeiro apartheid. “O apartheid na Palestina se mostra de diversas formas, pudemos observar isso desde o primeiro minuto que pisamos no território controlado por Israel. Na fronteira criam todos os constrangimentos possíveis aos palestinos e a qualquer cidadão de qualquer nacionalidade que tenha origem palestina para entrar em seu próprio território”, descreve o autor.

A obra conta ainda o encontro que a delegação teve com o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, sobre o medo que passaram em Jerusalém, sobre a vida das crianças que lutam como adultos, mas, mesmo com a tensão no país, continuam sendo crianças, e sobre o encontro com uma comunidade de brasileiros em Beitunia. “Segundo dados do Conselho, há pelo menos 5 mil brasileiros vivendo na Palestina, quatro se encontravam presos nas cadeias israelenses. Como a maioria dos quase 800 mil palestinos já presos por Israel, os brasileiros também são acusados dos mesmos crimes: terrorismo ou ataques a israelenses nos territórios ocupados. ‘São acusações retiradas à base de tortura psicológica’, conta Ruayada Rabah, brasileira integrante do Conselho”, informa o livro.

Apesar de ser uma leitura rápida, praticamente em forma de um diário de viagem, Palestina, Um Olhar Além da Ocupação retrata com empatia um país que resiste, mesmo com todas as dificuldades políticas e sociais. “Quem quiser conhecer a ocupação da Palestina deve ler esta experiência tão detalhadamente narrada. Fazendo-o, conhecerá também uma resistência épica, que se traduz numa Palestina vibrante, alegre, apesar de um destino desumanamente imposto, que constrói o seu futuro e o de toda a humanidade, pois, além de dar humildes lições de perseverança e resiliência, abre os braços a todos e todas para visitá-la e ali encontrarem-se com suas espiritualidades, nesta terra santificada, ancorada pelas passagens de todos os profetas e suas pregações”, declara o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben.

Lançamento Palestina, Um Olhar Além da Ocupação
Quando: terça-feira, 3 de abril, às 19h
Onde: Mesquita Brasil
Rua Barão de Jaguara, 632, Cambuci, São Paulo (SP)

Leia também

Últimas notícias