Empoderamento

Mostra de cinema feminista exibe curtas de cineastas brasileiras

Além de produções cinematográficas, evento promovido pelo coletivo Baciada de Mulheres do Juquery realiza debates e oficina em Franco da Rocha, na Região Metropolitana de São Paulo

Divulgação

‘Vamos pra rua, vamos fazer rodas de conversa, oficinas, fóruns, realizar mostras de cinema, vamos resistir’

Exibir obras de produções independentes feitas por cineastas brasileiras independentes. Esta é a proposta da III Mostra de Cinema da Mulher, promovida pelo coletivo Baciada de Mulheres do Juquery, de hoje (30) a 1º de abril, no Centro Cultural Newton Gomes de Sá, no município de Franco da Rocha. A terceira edição do evento exibe curtas-metragens feitos mulheres e deve contar com debates entre as cineastas e o público depois de cada sessão.

A mostra, realizada anualmente desde 2016, deve discutirdiversas problemáticas das mulheres, com recortes de raça e identidade de gênero. Ela é uma das ações do coletivo formado em 2015 por moradoras da região da bacia do Juquery para discutir e realizar ações que deem visibilidade às questões de gênero. Das 51 obras inscritas nesta edição, nove serão exibidas sem nenhum caráter competitivo.

O festival começa nesta sexta às 18h com o documentário Em Busca de Lélia, de Beatriz Vieira, que retrata a professora e antropóloga Lélia Gonzalez, uma protagonista na militância junto ao movimento negro nas décadas de 1970 e 1980, período no qual percorreu diversas cidades e países, afirmando sua identidade e denunciando o mito da democracia racial. Na sequência, será exibido o drama (Re)Existência, de Beatriz da Silva, seguido pelo documentário Real Conquista, de Fabiana de Assis, que conta a história de uma mulher que, com um passado marcado pela violência, luta por melhores condições de vida.

No sábado, além da exibição de três curtas-metragens, a programação conta com a oficina “Captura Audiovisual de Guerrilha”, voltada a mulheres acima de 16 anos. “Em tempos de absoluta efervescência política, social e moral, se faz necessário sair às ruas para defender os direitos adquiridos e protestar, seja pela manutenção destes ou pela conquista de novos espaços. Este projeto visa a prover o treinamento técnico e conceitual para a captura audiovisual de guerrilha, utilizando câmeras, aparelhos celulares, tablets, gravadores de voz”, descreve a organização.

Segundo o coletivo, a mostra é uma forma de resistir e de dialogar sobre questões fundamentais para as mulheres. “Precisamos de mecanismos de diálogo com a sociedade e de diálogo com o poder público. Recentemente, a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi assassinada. Foi uma grande perda, e aqui em Franco da Rocha, também neste mês dedicado às mulheres, tivemos uma vítima de feminicídio. Kléia Alves foi estrangulada pelo ex-marido. São dores que nos apertam o peito. Mas em resposta, tivemos milhares de pessoas nas capitais brasileiras marchando e teremos um ato aqui em Franco da Rocha pela vida das mulheres também. Transformamos nossa raiva em munição para lutar por elas e por tantas outras mulheres que morrem diariamente, vítimas de violência doméstica, misoginia e tantos outros motivos que nos fazem continuar.”

Vamos pra rua, vamos fazer rodas de conversa, oficinas, fóruns, realizar mostras de cinema, vamos resistir. Não vão nos calar! É através desses debates e ações que podemos modificar a nossa realidade, que podemos diminuir o número de mulheres violentadas na nossa cidade e no mundo. É isso que queremos com a Baciada, com a Mostra e com todas as ações que ainda vão acontecer… Queremos revolução”, declaram conjuntamente as integrantes do coletivo Baciada de Mulheres.

A programação completa da III Mostra de Cinema da Mulher está disponível na página do grupo, no Facebook. A entrada para todas as sessões é gratuita.

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