Consciência Negra

‘Jornada Africanias’: herança africana na música erudita brasileira

Na UFRJ, professores e pesquisadores mostram que diversos gêneros de música brasileira são legados da cultura negra

REPRODUÇÃO/TVT

Evento foi realizado na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

São Paulo – Na semana da Consciência Negra, uma jornada musical para mostrar que a ligação entre Brasil e África também influenciou a música erudita. Esse foi o objetivo da primeira Jornada Africanias, realizada na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizada entre terça (21) e quinta-feira (23).

Professores e pesquisadores de diversas partes do país se reuniram para debater esse legado. Segundo eles, tal herança pode ser percebida na obra dos principais compositores clássicos brasileiros. “Waldemar Henrique, Lorenzo Fernández, Francisco Mignone e Luciano Gallet. Eu acho mais fácil você me dizer um nome e eu te dizer se tem, ou não esse legado. Todos, de alguma forma, utilizaram elementos que não foram trazidos por povos europeus, mas por povos africanos”, explica Andrea Adour, pesquisadora da instituição, em entrevista à repórter Viviane Nascimento, da TVT.

O encontro propõe a compreensão da presença africana em diversos gêneros de música brasileira, especialmente a música tradicional de concerto. “A história do nosso país que até hoje invisibiliza a presença dos povos africanos, das mais variadas formas. É muito importante o grupo Africanias essa presença num campo em que as pessoas procuram desconsiderar”, acrescenta Andrea.

O evento também discutiu a ocupação pelo povo negro de espaços elitizados, como as salas de concerto. “Aqui no brasil tem uma primazia mais das brancas, mas eu acho que está surgindo boas cantoras líricas negras também”, diz a cantora Ana Lia Alves.

desvalorização da cultura negra se dá pela falta de debate dentro das salas de aula. Para Caroline Jango, pedagoga do Instituto Federal de São Paulo, é essencial inserir a diversidade cultural do povo africano no currículo escolar. “Foi um conhecimento historicamente apagado e negligenciado. Temos 50% da população negra e a história não foi contada. Ou seja, para valorizar a diversidade étnico racial que compõem a nossa população, eu preciso que todos os segmentos tenham a sua representatividade”, afirma.

“A gente pensar numa educação antiracista tem a ver com o enfrentamento a discriminação racial, um outro elemento é a questão do currículo e do conhecimento. Eu não aprendo a valorizar aquilo que eu não conheço, eu só consigo respeitar e valorizar aquilo que eu conheço”, acrescenta a pedagoga.

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