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Carnaval de rua de São Paulo se torna um dos maiores do país, com 495 blocos inscritos

Os bairros de Pinheiros, Vila Madalena e a região central concentrarão a maioria dos desfiles, com blocos que vão da homenagem a David Bowie e Beatles em forma de marchinha até o jazz norte-americano

Fernando Pereira/SECOM

Região próxima ao Parque ibirapuera ficou lotada em 2016 e não será diferente esse ano

São Paulo – O carnaval de rua de São Paulo está definitivamente consolidado na cidade. É o que indica o número de blocos inscritos para participar do período oficial da folia, entre os dias 17 de fevereiro e 5 de março: são 495 blocos inscritos em 2017, 62% a mais do que os 306 blocos do ano anterior. Entre as regiões com maiores aumentos, estão a da Sé, na região central, com 123%, e a de Pinheiros, na zona oeste, com 44%.

Em 2006, a festa reuniu em torno de dois milhões de pessoas durante três finais de semana. Esse ano, se todos os 495 blocos inscritos confirmarem a saída, o público total fatalmente crescerá bastante. Os bairros de Pinheiros, Vila Madalena e a região central da cidade concentrarão a maioria dos blocos, tanto no período de pré-carnaval como durante o feriado propriamente, entre os dias 24 e 28.  

Este ano, porém, a prefeitura paulistana, agora comandada por João Doria (PSDB), pretende delimitar horários e espaços para a festa popular, sobretudo na região da Vila Madalena, onde estão previstos desfiles de 89 blocos, e já baixou algumas mudanças: o último horário de saída dos blocos será às 15h; a música deve parar às 19h; e o horário final da dispersão será até as 20h, segundo pretende o prefeito. Cada bloco terá o tempo limite de cinco horas de desfile, incluindo concentração e dispersão. Assim como ocorreu em 2016, o quadrilátero formado pelas ruas Wisard, Girassol, Inácio Pereira da Rocha e Mourato Coelho só poderão receber blocos com até 15 mil foliões.

A pedido dos blocos, este ano outras regiões da cidade também verão a banda passar. Em negociação com a prefeitura, foram criados trajetos na Bela Vista, na Barra Funda-Santa Cecília, expansão da República até o Arouche e da Bela Vista até o Bexiga. Também foi revisto um trecho na Santa Efigênia para garantir a segurança dos foliões e comerciantes.

Por outro lado, a subprefeitura da Sé, em conjunto com a Guarda Civil Metropolitana (GCM), a Polícia Militar e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), definiu áreas restritas não autorizadas para desfiles, apenas “em casos excepcionais”. Segundo a Prefeitura, “a ideia é garantir a segurança e a estrutura necessária para que o carnaval ocorra com tranquilidade mesmo com quase o triplo de blocos nas ruas em comparação com o carnaval de 2016”.

Patrocínio

Em 2016, o carnaval de rua paulistano teve investimento em infraestrutura de R$ 10,5 milhões, sendo R$ 7 milhões pagos pela prefeitura e R$ 3,5 milhões por um patrocinador. Além do cadastramento dos blocos, o Executivo municipal é responsável pela limpeza pública, instalação de banheiros químicos, sinalização e fechamento de vias.

Para o carnaval deste ano, a prefeitura anunciou o patrocínio de R$ 15 milhões da Ambev, gigante do setor de cervejas. Segundo a proposta da empresa publicada no Diário Oficial do último dia 25, a Ambev instalará 10 mil banheiros químicos, colocará à disposição 180 ambulâncias comuns e 180 com UTIs, além de 50 postos médicos. A empresa também tem a responsabilidade de colocar tapumes para proteger jardins e contratar 700 seguranças e 80 bombeiros.

O carnaval de rua de São Paulo já tem alguns blocos que se destacam, seja pelo grande público que atraem, a participação de artistas reconhecidos, seja pela criatividade de unir a festa mais popular do país com outros ritmos ou ainda por homenagear músicos e bandas históricas que aparentemente pouco têm a ver com o carnaval, como Beatles e David Bowie.

Confira alguns deles: 

Acadêmicos do Baixo Augusta
Em 2016, o bloco reuniu cerca de 150 mil pessoas. O crescimento do bloco tem sido tão grande que esse ano ele deixará de desfilar na Rua Augusta, que ficou pequena, e se apresentará na Avenida Consolação, no dia 19, com concentração às 16h, em frente ao cinema Belas Artes, e saída prevista para as 17h. O Acadêmicos do Baixo Augusta promete ter até carro abre-alas em 2017. Tendo como rainha a atriz Alessandra Negrini, madrinha a cantora Tulipa Ruiz, porta-estandarte o escritor Marcelo Rubens Paiva e puxador Wilson Simoninha, o bloco anuncia as participações especiais de Fafá de Belém, Tiê, Edgard Scandurra, Alexandre Nero, Paula Lima e Max de Castro, entre outros. Apavora, Mas Não Assusta é o hino do bloco e Primeiramente, A Cidade É Nossa, o lema.

Unidos do Swing
O bloco tem como característica unir o tradicional jazz norte-americano de New Orleans às marchinhas brasileiras. Em 2015, a original ideia embalou a festa de cerca de mil pessoas da Praça Roosevelt até a Ladeira da Memória. No carnaval seguinte, a boa fama cresceu e o bloco reuniu mais adeptos, o que deve novamente ocorrer essa ano.  Unidos do Swing desfilará em duas datas: no pré-carnaval, dia 19, às 14h, na Rua 13 de Maio, no Bexiga; e dia 27, às 13h, na Praça Dom José Gaspar, centro da cidade.

Sargento Pimenta
Esse famoso bloco carioca ano passado fez a alegria de mais 40 mil paulistanos nas ruas. A marca registrada do grupo é a louvação aos Beatles, que dá nome ao bloco inspirado no álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Quem segue o Sargento Pimenta pula carnaval ao som de um Beatles à brasileira. A música All You Need Is Love, por exemplo, vira ciranda, enquanto She Loves You e All My Love são marchinhas. I Want to Hold Your Hand é samba, Love Me Do é um xote e Twist and Shout, um afoxé. 

Bangalafumenga
Outro bloco nascido no Rio de Janeiro em 1998 e desde 2012 também em São Paulo. A característica do grupo é transformar músicas em marchinhas, funk e samba, num repertório que inclui MPB, cirandas, além de composições próprias. O bloco é um dos mais tradicionais do carnaval de rua paulistano e, em 2016, reuniu em torno de 100 mil foliões. Junto com o bloco Sargento Pimenta, o Bangalafumenga desfilará na Praça Cívica do Memorial da América Latina dia 11, às 14h, e dia 12, a partir do meio-dia. Outras datas ainda não estão confirmadas.

Tô de Bowie
O bloco surgiu no carnaval de 2014 (portanto, antes da morte de David Bowie), quando um grupo de amigos inventou desfilar com um raio vermelho pintado no rosto em alusão ao álbum Aladdin Sane. A brincadeira deu certo, ganhou adeptos, cresceu e o bloco então estreou no carnaval do ano passado, reunindo em torno de 40 mil pessoas. Os idealizadores do bloco defendem que carnaval não é só samba e, assim, embalam os foliões com criativas versões das músicas do ícone, sem esquecer o raio pintado no rosto. Este ano, o Tô de Bowie desfilará dia 28, a partir das 14h, saindo da Praça Princesa Isabel (Avenida Rio Branco com a Duque de Caxias) e passando pela Avenida Rio Branco, Largo do Paissandu e Rua Capitão Salomão, terminando no Vale do Anhangabaú.