A Vila Ré, na zona leste da capital paulista, recebe neste final de semana (29 e 30 de outubro) a quarta edição da Mostra Excêntrica, um conjunto de atrações culturais, serviço e bate-papos sobre a temática LGBT. A mostra organizada pelo Coletivo Cultural Sankofa faz parte do projeto “Minha Casa tem Armários”, financiado pela Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo, com o objetivo de difundir e democratizar o acesso à produção cultural LGBT na zona leste e oferecer um espaço de expressão e resistência.

O evento reúne na sede do coletivo exposição de artes, performances, espetáculos teatrais, debates com militantes da causa e a Unidade Móvel de Cidadania LGBT. A programação será aberta neste sábado às 16h com a mesa-redonda “Representatividade LGBT nas periferias”, com o escritor independente Ezio Rosa e a DJ, MC, produtora musical e ativista Luana Hansen. Às 18h30, a Cia. Façamos Assim encena Réquiem, espetáculo baseado em fatos reais que retrata uma agressão física homofóbica que “desacontece” e a vítima, frente a frente ao agressor, tenta mudar seu futuro. Depois da performance Chronos, na área externa do centro cultural, alunos da Unirio apresentam a peça Prática de Montação.

No domingo, a programação conta com show do cantor andrógeno Venus Pop Alien (15h), performance da drag queen Yasmin Carraroh (16h), conhecida pela participação no programa Academia de Drags, batalha do Slam das Minas (17h40) e a performance Dossiê (IN)Visibilidade, do artista e pesquisador Rafael Barros. Às 19h30, a artista trans MC Linn da Quebrada sobe ao palco para o show de encerramento da Mostra Excêntrica.

“Fazemos um convite à reflexão e à informação sobre uma população que ainda vive numa roleta russa à espreita de um algoz”

Segundo os organizadores, as edições anteriores reuniram mais de duas mil pessoas, entre artistas e a comunidade. Anderson Maciel, membro do Coletivo Cultural Sankofa, afirma que é importante que eventos com esta temática sejam descentralizados: “Primeiro pela questão territorial, nesse caso a população LGBT da periferia não precisa ir até o centro para apreciar trabalhos artísticos nos quais se sinta represantada. Ela descobre que tem vizinhos produzindo arte que retrata seus dilemas e suas conquistas por meio do fazer artístico”. E reforça: “Ser LGBT na periferia não é a mesma coisa que no centro da cidade, por isso se fazem necessárias ações que aproximem a cultura LGBT também das bordas da cidade. Uma mudança de mentalidades se faz no exercício prático da convivência – e por vezes do conflito. Mas o Coletivo também acredita que esta mundança pode vir por meio da poética”.

Segundo o coletivo, a intenção é contribuir para o fortalecimento da cultura LGBT e promover um espaço de expressão e resistência na zona leste de São Paulo. “É importante porque engrossa o caldo, potencializa o objetivo maior, por meio de um fazer/pensar artístico mais engajado, que reconheça seu papel de referência em seu território. Todos e todas as artistas envolvidos na mostra participarão do bate papo justamente para olharmos para nossas potencialidades de fortalecimento de nossos territórios a partir de nossas ações culturais. Além de poder apreciar e curtir o evento, fazemos um convite à reflexão e à informação sobre uma população que ainda vive numa roleta russa à espreita de um algoz”, completa Anderson Maciel.

Mostra Excêntrica
Quando: sábado e domingo, dias 29 e 30 de outubro
Onde: na sede do Coletivo Cultural Sankofa
Rua Pangauá, 669, Vila Ré, São Paulo (SP)
Quanto: grátis
Mais informações:https://ccsankofa.wordpress.com