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Mostra de teatro de Heliópolis reúne artistas que criam na periferia

Segunda edição do evento, de sexta (30) a domingo (2), leva à região peças teatrais, espetáculos de rua, intervenções e rodas de conversa

Marina Cavalcante/Divulgação

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As ruas, vielas e o teatro da região de Heliópolis serão palco para oito atrações artísticas gratuitas entre sexta-feira (30) e domingo (2). A 2ª Mostra de Teatro de Heliópolis pretende difundir e discutir sobre a produção teatral de grupos e artistas que desenvolvem seus trabalhos em regiões periféricas de São Paulo. Idealizada pela Cia. de Teatro Heliópolis e pela produtora MUK, a programação da mostra reúne três peças teatrais, quatro espetáculos ao ar livre, uma intervenção de rua e rodas de conversa com os grupos participantes.

Para o curador Alexandre Mate, é fundamental que as ações teatrais sejam promovidas também na periferia: “Estou convencido da absoluta importância da descentralização das ações teatrais se espraiando pela cidade como um todo. (…) Levar obras aos espaços onde a população dificilmente teria acesso à linguagem, uma mostra como a que está sendo promovida pelo Grupo de Teatro de Heliópolis convida à participação e a uma troca efetiva de experiência. Essa, a meu ver, é a verdadeira razão de ser do teatro”, opina Mates, que é professor do Instituto de Artes da Unesp e pesquisador do Núcleo Paulistano de Teatro de Grupo.

A mostra será aberta sexta-feira, às 16h, com o teatro de rua Uma Saga Macunaímica, do grupo Ciclistas Bonequeiros, em frente ao prédio da Ação Comunitária Nova Heliópolis. Às 20h, na Casa de Teatro Maria José de Carvalho, o espetáculo adulto O Perrengue da Lona Preta, da Trupe Lona Preta, trata sobre o direito à propriedade privada. A peça será seguida por uma roda de conversa com o grupo.

No sábado (1º), o Bando Trapos apresenta às 14h, na Rua do Pacificador, a peça Foi o que Ficou…Do Bagaço sobre um trio de palhaços que ocupa um circo abandonado e se apropria das ferramentas e das funções para pôr o espaço em funcionamento. Em seguida, às 16h, a CompanhiaDaNãoFicção promove no CEU Heliópolis a intervenção de rua Procura-se Ninguém, que trata a cidade como fronteira e, por meio das memórias e do caminhar, torna visível o invisível. Às 20h, o Coletivo Quizumba encena Oju Orum,na Casa de Teatro Maria José de Carvalho.

O último dia da mostra traz, às 15h, O Espetaculoso Espetáculo da Família Fodaccio na viela 1° de Maio. Às 16h, a Companhia do Miolo apresenta Taiô, uma investigação sobre a possibilidade de construir asas para os humanos, numa metáfora sobre nossa potencialidade. A mostra termina às 20h, com a encenação de Revolver, do Coletivo Negro, seguido de roda de conversa com o grupo.

Versão compacta

A 2ª Mostra de Teatro de Heliópolis está mais enxuta que a anterior, realizada em agosto de 2015. Segundo os organizadores, a primeira edição do evento atraiu mais de 2.500 espectadores, reuniu mais de 120 artistas e teve 20 atrações, somando mais de 35 horas de atividades culturais gratuitas. Agora, sem verbas de editais ou patrocinadores, a segunda edição foi realizada de forma independente, com recursos dos próprios idealizadores e de uma campanha de crowdfunding que arrecadou R$ 950.

Mesmo com os recursos escassos, os organizadores decidiram promover as atividades de forma totalmente gratuita à população. “Este sempre foi e será um dos objetivos da mostra: levar o teatro para quem não tem condições de sair do seu bairro/comunidade e, com isso, formar novas plateias. O público não tem culpa da nossa incompetência como captadores de recurso e da falta de interesse da iniciativa privada em financiar um evento periférico. Nunca vamos repassar os nossos ‘custos’ ao nosso público”, afirma o produtor Daniel Gaggini.

 

2ª Mostra de Teatro de Heliópolis
Quando:
de 30 de setembro a 2 de outubro
Onde: Casa de Teatro Maria José de Carvalho (Rua Silva Bueno, 1.533) e ruas da Comunidade de Heliópolis
Quanto: Grátis
Classificação: livre
Mais informações: http://ciadeteatroheliopolis.com.br/mostra

Ficha técnica
Idealização: Cia de Teatro Heliópolis e MUK
Direção: Miguel Rocha
Direção de produção: Daniel Gaggini
Curadoria: Alexandre Mate
Olhares críticos: Alexandre Mate, Maria Fernanda Vomero, Beatriz Callo e Leticia Monteiro
Diretor técnico: Toninho Rodrigues (Ton Light)
Produção: Dalma Régia
Produtora assistente: Luh Moreira
Designer gráfico: Camila Teixeira
Fotos e vídeos: Geovanna Gelan
Assistentes de produção: Klaviany Costa, David Guimarães, Alex Mendes, Donizete Bomfim, Hanna Costa e Léo Gonzaga
Realização: Companhia de Teatro Heliópolis e MUK